Vício em redes sociais: sinais de que está passando dos limites

Atualizado em 28 de junho de 2018

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POR Vinicius de Vita Cavalheiro

Falar em vício em redes sociais e em tecnologia, para alguns, pode parecer um exagero. Afinal, quem hoje não está online boa parte do dia, trabalhando, conversando com amigos e familiares, lendo as últimas notícias, jogando, ouvindo música ou assistindo filmes?

A internet tem mudado os hábitos, as formas de comunicação e a maneira de se relacionar das pessoas de todas as classes sociais. Dados da Anatel indicam que o Brasil terminou janeiro de 2018 com 236,2 milhões de linhas de celulares ativas, o que significa que o país já tem mais de 1 aparelho celular por habitante.

Vício em redes sociais

É justamente este acesso fácil à tecnologia que tem levado muitas pessoas a um comportamento difícil de controlar: o vício em redes sociais e tecnologia, especialmente entre aqueles que já nasceram em meio a esta realidade, na qual estar desconectado é a exceção, não a regra.

Este recém-descoberto problema foi batizado de IAD (Internet Addiction Disorder), ou Distúrbio do Vício em Internet, que é a dependência em tecnologia. Embora seja comportamental, é uma condição que, para algumas pessoas, causa a mesma sensação de necessidade, fissura e abstinência que a dependência química.

Nomofobia. O que é?

Nomofobia (do inglês “no mobile fobia“) é o medo irracional de estar sem o aparelho celular (ou de ficar sem conexão à internet). É a “dependência digital”, uma condição que gera forte angústia e que tem consequências psíquicas, sociais e até físicas. Pode ser considerada uma perturbação mental dos tempos modernos. Este medo de ficar sem o celular pode estar relacionado a outros transtornos, como o de ansiedade, pânico, obsessão compulsiva e fobia social.

Sinais de vício

Entre os sintomas mais comuns do vício em redes sociais e tecnologia estão a ansiedade e o mal-estar de perder o telefone, ficar sem bateria ou de precisar estar em alguma área sem cobertura de internet ou Wi-Fi. Os sintomas que alguns chegam a manifestar são:

  • Ansiedade;
  • Mal-estar;
  • Irritabilidade e angústia por ficar desconectado;
  • Sintomas de síndrome do pânico, como tremores, tontura, falta de ar e aceleração do batimento cardíaco (um quadro muito semelhante à abstinência em um dependente químico);
  • Obsessão compulsiva;
  • Fobia social;
  • Depressão.

Então a Internet é uma vilã?

Experiente no assunto, a psicóloga Odete Aparecida Bazilio, do portal Nossos Doutores, deixa claro que o problema não é a internet, os games ou aparelhos. Segundo ela, o problema não está no uso em si, mas no abuso, no excesso.

“O uso da internet tem uma dualidade: se de um lado ela aproxima as pessoas que estão mais distantes, de outro pode criar um distanciamento onde não havia. Hoje, a interpretação que faço no consultório, observando alguns pacientes, é de que eles foram “engolidos” pela virtualidade, chegando ao ponto de não conseguirem mais se aproximar de outras pessoas. Olhar nos olhos, ou até mesmo de falar com espontaneidade em ambientes sociais, tornou-se um desafio tão grande, que alguns simplesmente evitam o contato social”, destaca a psicóloga.

Embora a sociedade tenha acolhido os avanços tecnológicos e seus inegáveis benefícios, “cada vez mais vemos os jovens em frente à tela de um computador ou de um aparelho celular, fechados por horas seguidas em seus quartos, com dificuldade em se socializar. Nesta fase da vida, alguns não conseguem controlar seus impulsos, por isso exageram e podem apresentar sintomas de depressão muito precocemente. São vítimas fáceis”, aponta a psicóloga.

Alerta máximo!

Os pais andam preocupados com os riscos a que seus filhos estão expostos no mundo online. Então, segurem-se: os perigos são relevantes! Com a internet, aumentaram as violações contra os direitos infanto-juvenis. Conteúdos impróprios contendo violência, racismo, ideais extremistas e pornografia são muito acessíveis.

E, para piorar, também é fácil estabelecer contato com pessoas perigosas, que fingem ser outras pessoas, ou até mesmo colegas mal-intencionados. Os abusadores, ou aliciadores sexuais, normalmente têm acesso ao perfil dos jovens e se passam por “amigos” para, então, convidá-los para um “jogo sexual”.

“Os jovens hoje desfrutam de um grau de privacidade nunca vivido por seus pais. Eles conseguem falar de forma absolutamente privada com quem queiram, no momento em que desejem, sem deixar qualquer rastro facilmente identificável. Torna-se muito difícil conseguir acompanhar de perto os passos desses jovens na internet”, lembra Liza Wajsbrot, psicóloga do portal Nossos Doutores.

Pesquisa da TIC Kids Online, divulgada no final de 2017, revela que 1 em cada 10 adolescentes entre 11 e 17 anos já teve contato com conteúdos sobre formas para cometer o suicídio e usar drogas; 13% dizem já ter acessado conteúdo sobre maneiras de machucar o próprio corpo e 20% pesquisaram como poderiam fazer para ficarem muito magros. Outro dado alarmante é que cerca de 15% dos jovens já viram conteúdo sexual na internet e parte deles relatou sentir incômodo, após assistir cenas de sexo violento.