Tireoidite de Hashimoto: sintomas, tratamento, risco de câncer e mais

Atualizado em 28 de setembro de 2018

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POR Mariana Amorim

A glândula tireoide é responsável pela produção de hormônios que regulam boa parte do organismo, como a função metabólica. Porém, quando sua distribuição acontece de forma desequilibrada, há consequências para a saúde que acabam debilitando o paciente e afetando sua qualidade de vida.

O hipotireoidismo é um dos principais distúrbios que afetam a tireoide dos brasileiros e a síndrome de Hashimoto pode ser uma de suas causas.

Veja, a seguir, mais detalhes sobre a tireoidite de hashimoto:

O que é tireoidite de Hashimoto?

A tireoidite tem seu nome em homenagem ao médico que a descreveu pela primeira vez, Hakaru Hashimoto, em 1912.

O endocrinologista Renato Zilli, do Hospital Sírio Libanês, explica que o acometimento é uma inflamação de origem autoimune na tireoide, ou seja, é caracterizado pelo ataque do próprio sistema imunológico às células da glândula. Com isso, a produção de hormônios tireoidianos é reduzida e o organismo entra em um estado de hipotireoidismo.

“Vale lembrar que muitas pessoas com Hashimoto nem sequer desconfiam da doença, já que os sintomas aparecem somente quando o quadro evolui a ponto de comprometer a produção de hormônios”, comenta o especialista.

A doença pode acontecer em qualquer fase da vida, mas geralmente é predominante em mulheres por volta dos 50 anos.

Causas

Ainda não foi descoberto o que exatamente acontece com o sistema imune para que ele comece a atacar a tireoide. “Existem indícios de que a genética seja um fator importante”, afirma o endocrinologista.

Há, também, a hipótese de que fatores externos possam culminar na tireoidite de Hashimoto, como estresse excessivo, repetidas infecções e exposição à radiação.

Fatores de risco

Alguns fatores podem aumentar a probabilidade de desenvolver síndrome de Hashimoto. São eles:

  • Ser mulher
  • Ter mais de 50 anos
  • Histórico da doença na família
  • Ter doença autoimune, como lúpus
  • Ter passado por exposição à radiação

Sintomas

Muitas vezes, a tireoidite crônica é assintomática, isso porque, embora a lesão exista, ainda não comprometeu a distribuição de hormônios no organismo.

Por isso, quando há sintomas eles são, no geral, característicos do hipotireoidismo:

  • Fadiga
  • Sonolência
  • Depressão
  • Sintomas de ansiedade
  • Desregulação da menstruação
  • Baixa libido
  • Retenção de líquido
  • Falha de memória
  • Colesterol alto

Ainda que a baixa produção de hormônios da tireoide seja o maior desencadeante dos sintomas, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia afirma que a presença de hipertireoidismo também possa ser desencadeada pela Hashimoto. Por isso, vale ficar de olho nos sintomas e sempre procurar um médico.

Engorda?

A relação entre o ganho de peso e o hipotireoidismo causado pela síndrome de Hashimoto é, na realidade, um mal entendido.

Isso porque a condição não favorece o ganho de peso e acúmulo de gordura. “O que acontece é a retenção líquida, o que pode aumentar o ponteiro da balança. E, claro, com o funcionamento do metabolismo mais lento, há mais dificuldade em perder peso”, afirma o endocrinologista.

Diagnóstico

O diagnóstico de disfunções na tireoide ocorre por meio da coleta de sangue, em que os níveis hormonais serão avaliados.

No caso da tireoidite de Hashimoto, a quantidade de anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO) pode apontar a presença de autoanticorpos contra uma enzima específica da tireoide.

Exames de ultrassom e punção podem ser complementares para uma avaliação mais precisa.

Qual profissional devo procurar?

A tireoidite de Hashimoto pode ser detectada em exames de rotina requisitados por qualquer especialista da Medicina, por exemplo, um ginecologista. Porém, somente um endocrinologista pode iniciar o tratamento e dar o diagnóstico correto.

Complicações

As complicações da doença podem surgir caso o paciente não faça o controle junto ao médico. Uma delas é o bócio, um aumento da tireoide que engloba causas e tratamento diferentes.

Outras consequências da síndrome de Hashimoto é a prevalência de sintomas de hipotireoidismo. “O Hashimoto não tratado pode levar ao aumento do coração e potencializar os riscos de insuficiência cardíaca”, explica o médico.

Grávidas que não seguem o devido tratamento podem comprometer o desenvolvimento sadio do bebê, o que pode resultar em atraso mental e microcefalia.

Pode virar câncer?

Renato Zilli explica que toda inflamação ou fator que destrua a glândula pode aumentar o risco de câncer em longo prazo.

Por isso, a Hashimoto pode causar câncer de tireoide, mas não é nada comum isso acontecer. “Na teoria faz sentido, mas é difícil ver casos de tireoidite evoluírem para câncer, por isso consideramos que este risco é bem baixo”, diz.

Tem cura?

A doença não regride e nem desaparece, no entanto o prognóstico do paciente é excelente com o controle constante de um endocrinologista e, se recomendado, o uso de hormônios.

Tratamento da síndrome de Hashimoto

A síndrome de Hashimoto só necessita de tratamento medicamentoso quando passa a apresentar sintomas.

Vale lembrar que há muitas pessoas que sequer sabem que têm a condição devido à falta de sintomas clínicos e o controle da doença pelo próprio organismo.

Medicamentos

Uma das maneiras mais tradicionais de se tratar o hipotireoidismo causado pelo Hashimoto é fazendo o uso de medicamentos hormonais. Isto é, uma prescrição de hormônios que o organismo não produz mais por causa da doença.

Assim, cada indivíduo recebe sua suplementação hormonal de acordo com suas características, como o peso.

Vale lembrar, no entanto, que a reposição hormonal não impede que a síndrome exista e pare de atacar a própria tireoide. O que acontece é apenas uma diminuição do cenário e de seus sintomas.

Dieta

Outra possível forma de tratar a condição é investir em mudanças alimentares, como a exclusão de alimentos com glúten do cardápio. A teoria afirma que o glúten causa inflamações no organismo devido à difícil digestão e isso, em longo prazo, poderia resultar em tireoidite de Hashimoto.

Entretanto, é preciso frisar que a prática não é assegurada ou comprovada por todos os especialistas da área de endocrinologia.

Prognóstico

“O paciente que apresentar alterações por conta de Hashimoto precisará suplementar hormônios pelo resto da vida, provavelmente. Por isso, esta é a única mudança mais importante”, explica Zilli, que reforça que o medicamento precisa ser ingerido meia hora antes do café da manhã e, se possível, sempre no mesmo horário.

Prevenção da tireoidite de Hashimoto

O endocrinologista explica que não há como prevenir o surgimento da síndrome de Hashimoto, por isso a orientação é sempre ficar atento aos sintomas e realizar exames periódicos.