Síndrome de Guillain-Barré: sintomas, cura e tratamento

Atualizado em 14 de maio de 2019

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POR Mariana Amorim

Síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune, isto é, acontece quando o sistema imunológico cria anticorpos contra o próprio organismo. Nesta condição, o ataque acontece no sistema nervoso periférico e consequentemente afeta o funcionamento dos nervos que controlam o movimento dos músculos, gerando fraqueza e perda da sensibilidade em algumas áreas do corpo, como pernas e braços.

O que é a síndrome de Guillain-Barré?

Sinapse de neurônios.
Andrii Vodolazhskyi/Shutterstock

A síndrome de Guillain-Barré ou a Polirradiculoneurite Aguda acontece quando mecanismos do sistema imunológico passam a atacar o sistema nervoso periférico. As consequências afetam, portanto, a comunicação com outras partes do corpo.

Trata-se de uma síndrome rara, mas grave, e que precisa de atendimento de emergência após o aparecimento dos sintomas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 3% a 5% dos doentes de Guillain-Barré morrem por conta de seus desdobramentos, que podem incluir paralisia dos músculos que controlam a respiração, causando insuficiência respiratória, bem como infecções do sangue, coágulos no pulmão e até mesmo paradas cardíacas.

Tipos

A doença possui subtipos que se diferenciam de acordo com a lesão e seus sintomas. Eles podem ser:

Polirradiculoneuropatia Desmielinizante Inflamatória Aguda: um dos sintomas mais evidentes deste subtipo é a fraqueza muscular que começa na região das pernas e se espalha para os braços.

Síndrome de Miller Fisher: a paralisia começa nos olhos e também está associada ao movimento instável ao se caminhar.

Neuropatia Motora Axonal Aguda: subtipo raro que ataca parte dos nervos motores.

Neuropatia Motora-sensorial Axonal Aguda: também atinge os nervos sensoriais e as raízes dos nervos, como o subtipo acima. No entanto, seus sintomas são menos aparentes.

Causas

As causas exatas da doença ainda são desconhecidas. No entanto, sabe-se que o surgimento de outras patologias, como infecções, caso de Zika Vírus e Chikungunya, pode causar essa reação contrária no sistema imunológico, que cria anticorpos autoimunes chamados de auto-anticorpos.

Conforme informações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), dois terços das pessoas que desenvolvem a síndrome manifestam os sintomas dias ou semanas depois de uma infecção no trato gastrointestinal ou respiratório. Inclusive, a que mais comumente precede a Guillain-Barré é a diarreia causada pela bactéria Campylobacter jejuni.

Guillain-Barré e vacinas

A Sociedade Brasileira de Imunizações afirma que é raro que a Síndrome de Guillain-Barré aconteça em decorrência da aplicação de alguma vacina. Por isso, ainda não há um consenso sobre a relação de causa e efeito entre imunizações e a doença, sendo considerada apenas uma coincidência.

Guillain-Barré e Zika

Mosquito aedes.
Tacio Philip Sansonovski/Shutterstock

A relação entre a Polirradiculoneurite Aguda e a Zika foi confirmada pelo Ministério da Saúde há alguns anos.

Fatores de risco

Há alguns fatores de risco que podem desencadear a síndrome de Guillain-Barré. Entre eles, estão ser adultos do sexo masculino e ter contraído agentes como Influenza, Epstein-Berr e até mesmo HIV.

Sinais e sintomas de síndrome de Guillain-Barré

Os sinais e sintomas de Síndrome de Guillain-Barré começam com sensação de dormência nos pés e nas mãos.

Em seguida, podem aparecer incômodos nos membros inferiores, como fraqueza muscular que se inicia nas pernas e, posteriormente, pode acometer os braços.

Essa falta de força também pode afetar, além dos membros, músculos respiratórios e nervos cranianos, daí sua gravidade, já que pode resultar em paralisia facial, dificuldade de deglutição e ausência de movimento respiratório.

Diagnóstico

O diagnóstico se baseia em sintomas detectados pelo especialista ao fazer exames clínicos e avaliar o histórico do paciente. Além disso, podem ser solicitados exames complementares, que são:

  • Punção lombar para recolher líquido cefalorraquidiano
  • Eletrocardiograma (ECG)
  • Eletromiografia (EMG) para testar a atividade elétrica nos músculos
  • Exame de velocidade de condução nervosa
  • Exames de função pulmonar

Qual profissional procurar

Infectologista, neurologista e clínico geral são os profissionais que podem investigar a condição.

Complicações

A evolução da Síndrome de Guillain-Barré pode ser muito rápida e, ainda, fatal, por provocar paralisia dos músculos que controlam a respiração, gerando infecções do sangue, coágulos no pulmão ou parada cardíaca.

Tem cura?

É possível ser curado da Polirradiculoneurite Aguda. No entanto, sua recuperação pode evoluir lentamente e se arrastar por semanas ou até mesmo meses, além de necessitar de acompanhamento constante com especialistas.

Tratamentos para síndrome de Guillain-Barré

Medicamentos

Os especialistas podem indicar alguns tratamentos, como injeção de anticorpos, chamados imunoglobinas, que combatem os organismos que atacam o sistema nervoso.

Há, ainda, a possibilidade de um procedimento semelhante à hemodiálise, que se chama plasmaférese e filtra o sangue para reduzir a quantidade de organismos que atacam os nervos.

Fisioterapia

O tratamento fisioterapêutico para a síndrome de Guillain-Barré é uma forma de ajudar a recuperação dos movimentos e a função dos nervos.

Terapia ocupacional

A terapia ocupacional pode ser de grande ajuda aos portadores da síndrome de Guillain-Barré. Isso porque esse tipo de cuidado foca em atividades específicas para tratar distúrbios físicos e/ou mentais e desajustes emocionais e sociais. Por meio de tecnologias e atividades diversas, promove autonomia dos pacientes, com um plano de reabilitação e adaptação do indivíduo.

Prognóstico

Homem com sequelas de Guillain-barré.
KoOlyphoto/Shutterstock

Crianças costumam ter boa melhora da doença e, geralmente, não apresentam sequelas.

Porém, adultos podem apresentar por algum tempo dificuldade leve para caminhar ou até mesmo necessidade de cadeira de rodas, por conta da constante fraqueza nos membros. Ainda há chance de dificuldades na fala e para engolir.

Prevenção

Por ser uma doença autoimune e que pode preceder uma série de condições, ainda não há prevenção específica. Assim, é prudente evitar infecções, como gripe, dengue e zika, que podem ser os desencadeadoras da Síndrome de Guillain-Barré.

Fontes

Sociedade Brasileira de Imunizações

Organização Mundial da Saúde

National Institute of Neurological Disorders and Strokes