Incontinência urinária: você sabe como prevenir?

Atualizado em 05 de setembro de 2018

|

POR Vinicius de Vita Cavalheiro

Você sofre com a incontinência urinária? Saiba que você não está sozinho. Segundo estudos realizados no mundo inteiro, a incidência deste problema é extremamente comum. No geral, ela é muito frequente principalmente entre idosos e mulheres, mas também pode acometer homens e pessoas mais jovens.

Algumas estimativas dão conta de que 200 milhões de pessoas sofram com incontinência urinária, mas a falta de consenso sobre a definição deste problema impede que se tenha uma noção do número exato. Enquanto alguns especialistas definem o problema como a perda involuntária de urina pelo menos duas vezes por mês, outros dizem que a incontinência urinária já pode ser enquadrada sempre que a pessoa sentir que os sintomas estão causando transtornos.

O que é incontinência urinária?

A incontinência urinária é caracterizada pela perda involuntária de urina e costuma variar de intensidade. Às vezes a vontade de urinar é tão grande que não dá tempo de chegar ao banheiro, em outras basta um espirro ou um acesso de tosse para que a pessoa não consiga segurar a urina. A gravidade deste problema, porém, tem muito a ver com o tipo. Confira abaixo:

Incontinência urinária de esforço

A também conhecida como incontinência de esforço acontece quando a pessoa não tem força muscular pélvica suficiente para segurar a urina quando espirra, tosse, dá risada, levanta algo pesado, corre, pula, sobe escadas ou quando está praticando alguma atividade física — daí o nome.

Sintomas comuns da incontinência urinária de esforço

  • Liberação involuntária de urina durante uma ação rotineira, como tossir ou espirrar, ou durante a prática de exercícios, como corrida, levantamento de peso etc.
  • A quantidade de urina liberada geralmente é pequena ou média.

Incontinência urinária de urgência

A incontinência de urgência é caracterizada por uma vontade muito grande, súbita e urgente de urinar — a ponto da pessoa não conseguir chegar a tempo no banheiro. A causa mais frequente para este tipo de incontinência urinária é um problema chamado de bexiga hiperativa, em que o músculo detrusos (que forma a bexiga) se contrai involuntariamente mesmo quando ela não está cheia. A consequência direta disso é que a pessoa muitas vezes acaba urinando com mais frequência também.

Sintomas comuns da incontinência urinária de urgência

  • Necessidade muito forte, urgente e súbita de urinar;
  • Vontade incontrolável de urinar;
  • Necessidade frequente de urinar;
  • A quantidade de urina liberada neste tipo de incontinência costuma ser de média a grande.

Incontinência urinária mista

Como o próprio nome diz, é uma mistura da incontinência de esforço com a incontinência de urgência, em que a pessoa apresenta os sintomas de ambas.

Sintomas comuns da incontinência urinária mista

  • Vontade urgente e súbita de urinar;
  • Liberação involuntária por causa de ações da rotina ou da prática de atividade física.

Incontinência urinária paradoxal

Também chamada de incontinência urinária por transbordamento, este tipo da doença acontece quando a pessoa perde a sensibilidade na bexiga e não percebe quando ela está cheia — ou em casos de obstrução crônica, comum em homens que sofrem de próstata aumentada. A consequência da incontinência paradoxal é que a bexiga acaba transbordando quando está muito cheia.

Sintomas comuns da incontinência urinária paradoxal

  • Perda da sensibilidade da bexiga;
  • Liberação involuntária da bexiga por transbordamento;
  • Pequenas quantidades de urina liberada (geralmente em jatos menores);
  • Necessidade de fazer esforço ao urinar;
  • Sensação de que a bexiga nunca está vazia;
  • Liberação de urina durante a noite.

O que provoca a incontinência urinária?

Existem uma série de doenças e hábitos que podem favorecer o desenvolvimento da incontinência urinária, estimular a bexiga e aumentar a produção de urina. Veja uma lista das possíveis causas:

Alimentos e bebidas que têm efeito diurético

  • Bebidas alcoólicas;
  • Refrigerantes;
  • Café e chás que contenham cafeína;
  • Alimentos ricos em açúcar;
  • Alimentos ricos em especiarias, como pimenta;
  • Alimentos muito ácidos e cítricos;
  • Alimentos com níveis muito elevados das vitaminas B e C.

Medicamentos

  • Remédio para doenças cardíacas, para controle da pressão arterial, sedativos e relaxantes musculares — além de alguns suplementos vitamínicos.

Doenças e problemas de saúde

  • Infecção urinária;
  • Prisão de ventre (constipação);
  • Estresse;
  • Obesidade;
  • Diabetes;
  • Câncer de próstata;
  • Aumento da próstata (próstata aumentada);
  • Obstrução do trato urinário;
  • Doenças neurológicas, como esclerose múltipla, doença de Parkinson, AVC, tumor cerebral etc.

Outros fatores

  • Menopausa;
  • Histerectomia (cirurgia de retirada do útero);
  • Gravidez;
  • Idade avançada — a maior parte dos casos de incontinência afeta idosos;
  • Gênero — o problema é mais comum em mulheres do que em homens.

Como é feito o diagnóstico?

Geralmente, o médico responsável pelo diagnóstico de um problema urinária é o urologista. Para identificar o problema, ele pode pedir alguns exames específicos, como exame de urina; diário da bexiga (em que o paciente anota o que bebe, o que come, quantas vezes foi a banheiro e quanto liberou de urina, entre outras coisas); e um procedimento simples chamado medição residual pós-miccional, que consiste em verificar quanto de urina foi produzido e quanto permaneceu na bexiga após a micção.

Outros exames também podem ser solicitados, como uma cistoscopia/cistografia, um exame urodinâmico ou até mesmo um ultrassom pélvico ou abdominal.

Tem tratamento para incontinência urinária?

Tem sim, muitos até. O tratamento da incontinência urinária costuma variar de acordo com o tipo do problema, a gravidade e outros fatores a serem avaliados pelo médico.

Às vezes, somente um simples treinamento da bexiga pode resolver. A pessoa reacostuma o corpo a urinar dentro de intervalos específicos de tempo. Quando isso já não é possível, outras técnicas podem ser tentadas, como a chamada “micção dupla“, em que a pessoa vai ao banheiro, urina e espera alguns minutos para urinar novamente, e uma dieta com controle de fluídos e que evita alguns alimentos e bebidas que tenham efeito diurético.

Exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico

O urologista também pode recomendar a prática de alguns exercícios específicos para fortalecer os músculos da região pélvica — o chamado assoalho pélvico. É um tratamento comum para quem sofre da incontinência de esforço, mas dependendo do caso também pode ajudar quem tem incontinência de urgência.

Este fortalecimento também pode acontecer por meio de estímulos elétricos. Mas não se assuste: não é tão ruim quanto parece. Nele, são inseridos eletrodos no reto ou na vagina (no caso das mulheres) para estimular e fortalecer os músculos da região pélvica. Dependendo da gravidade do caso, algumas sessões já podem ser suficientes, mas a avaliação do médico é que pode definir quando são necessárias novas sessões do método ou não.

Uso de medicamentos

O uso de alguns remédios específicos também pode ajudar a tratar incontinência urinária, a depender sempre da indicação do especialista.

Uso de dispositivos médicos

Existem alguns dispositivos que são inseridos na uretra ou no canal urinário para ajudar a segurar a bexiga e impedir a perda ou o vazamento da urina.

Cirurgia

Em casos em que os tratamentos acima não puderam resolver, a cirurgia para correção dos problemas que estão causando a incontinência urinária. O procedimento cirúrgico mais indicado também varia de acordo com o tipo do problema e da avaliação médica.

Tem como prevenir a incontinência urinária?

Como não existe uma causa específica para o desenvolvimento deste problema, o melhor caminho para preveni-lo é cuidar dos fatores de risco que podem levar até ele, como controle da diabetes, da obesidade, maneirar no consumo de bebidas alcoólicas, do cigarro, de bebidas ricas em açúcar e cafeína e de alimentos que provoquem efeito diurético.

Controlar o peso e fazer exames para prevenção de outros problemas que causem a incontinência urinária também são boas maneiras de prevenir.