Homeopatia funciona mesmo ou não? Tire suas dúvidas

Atualizado em 03 de agosto de 2018

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POR Lucas Coelho

A homeopatia é uma terapia alternativa que vive cercada de polêmicas no meio científico. Ela se desenvolveu e ganhou fama e muitos adeptos ao redor do mundo com o passar dos anos, mas, por ter uma abordagem medicinal completamente diferente da tradicional, é vista com desconfiança por muitas pessoas. Mas será que homeopatia funciona mesmo ou é só placebo?

A primeira coisa que você precisa saber é que o método é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como especialidade médica desde 1980. Fora isso, também é oferecido gratuitamente pelo Serviço Único de Saúde (SUS) no Brasil, e o próprio Ministério da Saúde ajuda na sua difusão.

Mesmo assim, muita gente chama a homeopatia de pseudociência. Então separamos algumas informações importantes sobre ela para ajudar você a entender se realmente funciona ou não. Veja abaixo!

O que é homeopatia?

A homeopatia é um tipo de tratamento não convencional que utiliza substâncias que provocam sintomas como forma de tratamento para uma série de doenças. Confuso? Vamos dar um exemplo:

Uma pessoa que sofre de asma faz uso de uma substância que, em tese, provoca os mesmos sintomas da asma. Só que essa substância é diluída em água até que sobre muito pouco dessa substância na mistura final. Essa mistura, então, é usada como remédio para asma, sem piorar os sintomas.

O método segue a filosofia de que “semelhante cura semelhante”, que é um princípio relativamente parecido com o da vacina, que usa reagentes ativos para criar anticorpos contra uma doença específica.

É o que explica Luiz Fischer, presidente da Associação Médica Homeopática do Paraná (AMHPR): “A substância que provoca algum sintoma num indivíduo sadio é a mesma que, em forma de medicamento homeopático, será utilizada para tratar este sintoma no indivíduo doente”.

E como saber qual substância deve ser usada em cada caso?

A definição da melhor substância para tratar um caso específico segue um processo bastante detalhado de experimentação e avaliação, e somente um homeopata de confiança deve dizer qual substância é a mais indicada.

Ainda segundo Fischer, o objetivo de todo tratamento homeopático é tratar o indivíduo, e não a doença. Por isso, todo tratamento que segue este método é individualizando, levando em conta as necessidades de cada paciente.

Duas pessoas com o mesmo problema não serão necessariamente tratadas com o mesmo medicamento.

E por que ela causa tanta desconfiança?

Da mesma forma que a acupuntura e outras medicinas orientais, a homeopatia enxerga o corpo humano de forma diferente da que nós, brasileiros e nascidos no Ocidente, estamos acostumados.

Por isso, à primeira vista, é natural sentir certa desconfiança do método. Muitos pesquisadores, inclusive, contestem a sua real eficácia, mas os homeopatas defendem que a avaliação não pode ser feita sob a ótica convencional.

Isso porque homeopatia trata da energia vital — algo que a ciência atual não consegue medir ou avaliar. Então realmente fica difícil conseguir comprovar alguma coisa.

O tratamento homeopático visa re-estabelecer o equilíbrio da energia vital, que é entendida como o que nos mantém vivos e atuantes. O desequilíbrio dessa energia seria o principal motivo pelo qual aparecem as doenças que atingem nosso corpo.

Mas homeopatia funciona mesmo ou não?

Você provavelmente abriu este texto para descobrir se homeopatia funciona mesmo, certo?

Você obterá respostas diferentes dependendo da pessoa para quem você perguntar. E o que não faltam são estudos científicos que comprovam a eficácia do método e também de estudos que o reprovam como método terapêutico.

Abaixo, explicamos exatamente como funciona o tratamento homeopático e o que dizem os críticos para você embasar muito bem a sua opinião a respeito do assunto.

Como é o tratamento?

Como explica Fischer, a homeopatia funciona porque se propõe a cuidar de qualquer doença, seja como tratamento principal ou coadjuvante.

“Muitas doenças consideradas incuráveis pela alopatia podem obter melhoras significativas com o tratamento homeopático. Rinites, alergias, transtornos emocionais, enxaquecas e amigdalites de repetição são alguns exemplos”, afirma.

Alopatia é o termo utilizado pelos homeopatas para se referir à medicina tradicional, que tem o princípio contrário ao da homeopatia. Ou seja, tenta curar doenças pelo uso de substâncias que tenham efeitos opostos aos apresentados pela doença — que são os medicamentos que geralmente são prescritos pelos médicos.

Ao contrário do que muitos pensam, a homeopatia também pode usar o diagnóstico clínico para acompanhar a evolução do caso e até para entender exatamente como deve ser o tratamento.

“Cada indivíduo deve ser compreendido dentro de seu universo, suas características, sua forma de adoecer, suas suscetibilidades”, explica Fischer.

Por isso, primeiro é feita uma anamnese detalhada (histórico dos sintomas levantados durante a conversa com o paciente), buscando não somente sintomas da doença em si, mas também outros sinais que podem ser importantes para a avaliação do especialista.

O homeopata também pode pedir exames físicos e até laboratoriais se julgar necessário.

“É um método terapêutico não tóxica e que não cria dependências”, defende o presidente da AMHPR. “Ele trabalha com o objetivo de proporcionar uma qualidade de vida melhor, no sentido mais amplo do termo. Para a homeopatia, recuperar a saúde pressupõe ajudar as pessoas a tomar consciência sobre seu processo de adoecimento e re-estabelecimento”.

Medicamentos homeopáticos

A diferença entre a medicina tradicional e a homeopatia está justamente no papel que os medicamentos exercem em cada uma.

Os chamados medicamentos homeopáticos, são produzidos a partir de substâncias que causam sintomas da doença que ele trata, só que em doses tão pequenas que ele não chega de fato a causar nenhum desses sintomas.

De acordo com a pediatra e homeopata Ligia Comerlatti, essas substâncias são encontradas na natureza, principalmente nos reinos mineral, vegetal e animal.

Depois de serem diluídas em água e passarem por um processo de dinamização (diluição seguida de trituração), elas são transformados nas famosas bolinhas brancas, pastilhas ou em remédios de gotas.

O que dizem os críticos da homeopatia?

O embate sobre a efetividade da homeopatia tem se tornado cada vez mais intenso nas últimas décadas — justamente porque o método tem ficado cada vez mais popular com o passar dos anos.

E se sobram estudos que defendem a abordagem homeopática como eficaz no tratamento de doenças, também há muitas pesquisas que mostram que os resultados positivos na verdade não passam de efeito placebo.

Luiz Fischer, porém, acredita que tentar comprovar quimicamente que a homeopatia não funciona é um erro. “Se for analisar sob a ótica e os paradigmas da medicina convencional, realmente vão constatar que homeopatia não funciona, mas não é assim que se vai comprovar qualquer tese que seja”, afirma.

“A atuação da homeopatia é física e funciona por meio de estímulos na energia vital, e não por princípios ativos”, defende o especialista.

“Hoje, a ciência não tem métodos capazes de avaliar a sutileza de um medicamento homeopático, de compreender como pode a água armazenar e transmitir uma informação, que é a energia da substância que foi diluída”, explica.

Fischer reconhece que experiências com uma visão organicista, ou “alopática”, realmente não mostraram bons resultados. No entanto, afirma que muitas das críticas vêm cercadas de interesses contrários.

“Quem se trata com homeopatia sabe que o método investiga e trata as causas da doença com mais profundidade, e por isso não precisa procurar tantos médicos ou gastar dinheiro com tantos remédios. Então qual o interesse da indústria farmacêutica, por exemplo, no reconhecimento da homeopatia como uma abordagem terapêutica eficiente?”, questiona. “Fora que os medicamentos homeopáticos são bem mais baratos”.