Conhece a hérnia de disco? Entenda essa lesão na coluna

Atualizado em 10 de outubro de 2018

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POR Gustavo Frank

Comum entre pessoas que usam força física frequentemente, seja em casa ou no trabalho, a hérnia de disco é uma lesão na coluna que ocorre quando o disco invertebral sai da sua posição habitual, levando a sintomas – que podem se manifestar subitamente ou constantemente no dia a dia do paciente, como dor nas costas e dormência dos membros.

Tais sintomas, que geralmente aparecem na região lombar, são resultado da compressão das raízes nervosas na coluna, que ocorre a partir do deslocamento do disco.

A idade avançada é um dos fatores mais presentes no desencadeamento da doença diverticular. Isso porque os discos invertebrais acabam ficando desgastados com o tempo e consequentemente sobrecarregados, algo que pode ser agravado com a má postura, obesidade, prática irregular de exercícios físicos e traumas na região.

O que é o disco invertebral?

Para entender a hérnia, é preciso saber o que é o disco invertebral. Trata-se de uma estrutura, formada pelo núcleo pulposo e o anel fibroso, que protege nosso corpo das pressões diárias e nos dá flexão. Ela é feita de fibrocartilagem, evitando o contato direto entre uma vértebra com a outra, ou seja, uma espécie de amortecedor para que impactos, como correr e pular (ou até andar), não desgastem o esqueleto.

Quando danificado, o disco perde seu formato original e não só se prejudica como também influencia o funcionamento da coluna, por estar deslocado e provocar o contato constante entre as vértebras, prejudicando a medula espinhal e a raiz nervosa.

A hérnia de disco é comum?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial sofre com o problema. Dentro disso, 80% não sente mais dor após 2 meses de tratamento, enquanto os outros 20% lidarão com a dor crônica, que requer um acompanhamento maior.

Vale ressaltar que 15% das dores na lombar, quando diagnosticadas por um médico ortopedista, são consequências da hérnia de disco.

No Brasil, aproximadamente 5,4 milhões de pessoas sofrem desse mal. Os homens com mais de 35 anos são os que mais apresentam o deslocamento na coluna.

Suas causas

As causas mais comuns são o sobrepeso da coluna vertebral, o desgaste com o tempo e a predisposição genética. Isso acontece porque a estrutura, em formato de discos, fica desgastada, interferindo diretamente na sua função de viabilidade e manutenção da postura ereta do tronco, além da agilidade e movimento dos membros superiores e inferiores – uma das explicações para a dormência, sintoma presente entre os pacientes.

Isso pode ser consequência de diversas situações, como:

  • Prática irregular de exercícios físicos;
  • Sobrepeso nos músculos das costas;
  • Má postura no dia-a-dia;
  • Envelhecimento e o consequente desgaste ósseo;
  • Sedentarismo.

Os tipos que existem

Pode surgir de três diferentes formas:

Protusas

Mais comum dentre os outros tipos, a protusa ocorre quando o núcleo do disco invertebral não sofre deslocamento, mas perde a sua forma oval, devido ao desgaste das fibras do anel fibroso, que causa a dilatação.

A partir disso, as paredes do disco podem encostar em regiões e áreas de grande sensibilidade nervosa, causando dor como resposta.

Extrusas

A extrusa é uma versão agravada da protusa. Ela acontece quando o disco fica deformado, aderindo ao formato de uma gota. Isso acontece devido ao rompimento de uma de suas fibras, repercutindo em uma fissura e consequentemente no vazamento do líquido gelatinoso dentro dos discos, comprometendo o amortecimento.

Sequestrada

Esse é o tipo mais grave. Se dá quando o núcleo está muito danificado, existindo a possibilidade de dividir-se em duas partes.

Tal acontecimento causa o vazamento do líquido gelatinoso, que, por ser químico e ácido, ao entrar em contato com o canal medular acarreta em dores constantes, geradas por inflamação e compressão contínua.

Fatores de risco

Os principais fatores são:

  • Predisposição genética;
  • Traumas repetitivos;
  • Tabagismo;
  • Sedentarismo;
  • Idade avançada;
  • Obesidade;
  • Fatores psicológicos, como a ansiedade e o estresse;
  • Uso frequente de sapatos com salto.

Sintomas da hérnia de disco

Muita gente tem hérnia de disco, mas acaba não sentindo as dores que a lesão causa por estar nos estágios iniciais. Concentrada na lombar, as dores nas costas são as principais queixas. Por afetar o sistema nervoso, é frequente também que a pessoa apresente formigamento nos membros e sensação de fraqueza no corpo.

Aqui estão os sintomas mais comuns:

  • Dor cervical, torácica ou lombar;
  • Dor nos braços, pernas e pescoço;
  • Formigamento e câimbra nos braços, pernas e glúteos;
  • Sensação de fraqueza no corpo;
  • Dificuldade em se movimentar.

Quando devo procurar um médico?

Deve-se procurar um médico quando as dores estiverem muito frequentes e começarem a prejudicar o seu funcionamento físico e psicológico no dia a dia.

O formigamento e a perda de movimento dos membros também devem ser vistos como um alerta para a procura de um diagnóstico preciso, que poderá ser feito por um ortopedista, neurologista ou clínico geral.

O diagnóstico

O primeiro passo é fazer uma observação dos sintomas e posteriormente realizar uma avaliação física do paciente, para detectar onde a dor se faz presente e quais os movimentos do corpo prejudicados pela lesão.

Depois disso, pode ser necessário um exame neurológico, em que serão examinados os reflexos e a capacidade de andar, além de realizados testes de sensibilidade.

Agora, para poder ter a ideia exata de qual disco está danificado, exames como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética apresentam os melhores resultados. O raio X não traz exatidão, mas pode ser utilizado para mostrar o alinhamento da coluna e a integridade das vértebras.

Por fim, em casos graves, pode ser realizada a eletromiografia, técnica de monitoramento da atividade elétrica das membranas excitáveis das células musculares, para mostrar qual o grau funcional da raiz afetada pelo deslocamento.

Tem cura? Qual o tratamento?

Existe cura para a hérnia de disco. Depois de ter os medicamentos, como analgésicos receitados, a procura por um fisioterapeuta é a primeira medida que o paciente deve tomar após ser diagnosticado. O tempo de recuperação leva aproximadamente 6 semanas, dependendo do tipo.

Alguns casos requerem o uso de anti-inflamatórios e analgésicos, para aliviar as dores nas costas e nos membros. Injeções de esteróides também podem ajudar a controlar a intensidade das dores quando elas se tornarem muito frequentes e incomodativas por auxiliar a diminuir o processo de inflamação.

Em situações mais graves, a radiofrequência pulsada é uma solução. Trata-se de um procedimento elétrico minimamente invasivo realizado com a sedação e anestesia local a partir da aplicação de uma agulha diretamente na raiz nervosa danificada.

Evitar esforço físico durante o tratamento é essencial para que a recuperação aconteça de forma progressiva e efetiva.

Possíveis complicações

As possíveis complicações incluem:

  • Compressão da cauda equina, podendo levar a Síndrome da Cauda Equina, quando a medula espinhal e as vértebras lombares são danificadas;
  • Dor crônica nas costas e membros do corpo;
  • Perda de movimento e sensibilidade das mãos e pernas;
  • Mal funcionamento ou perda do funcionamento do intestino e bexiga;
  • Lesão medular permanente.

Convivendo com o problema

Como conta Marília Azevedo, fisioterapeuta formada pela Universidade de São Paulo (USP), “após o tratamento prescrito com o médico equivalente ao agravamento da hérnia de disco, o prognóstico da lesão costuma ser simples, embora exija alguns cuidados, principalmente com os esforços físicos.”

Para que isso aconteça serão necessárias tais medidas:

  • Uso regular dos medicamentos/tratamentos prescritos pelo médico e fisioterapeuta;
  • Compressas de água quente ou gelo para o alívio da dor;
  • Repouso moderado, visto que ficar parado por muito tempo pode levar a problemas nas articulações e à fraqueza muscular;
  • Alongamento para relaxar os músculos.

É importante lembrar que existe a chance de reincidência, então esses cuidados servem não só para uma recuperação efetiva como para a prevenção de uma nova hérnia.

Quais são as formas de prevenir?

A melhor forma de prevenir o aparecimento de uma hérnia de disco e suas possíveis agravações é com a prática de exercícios físicos acompanhados de assistência profissional, segurança no trabalho que exige força física e a preservação de uma boa postura diária, principalmente quando se trabalha sentado ou em pé na maior parte do tempo.

Sob a orientação médica, coletes e cintas podem ser utilizados para a correção da posição da coluna e prevenção de lesões. “Vale reforçar que o uso excessivo de acessórios como esse podem ter o resultado contrário, causando até a piora do quadro”, acentua a fisioterapeuta.

Dicas para ter uma postura correta

As dicas mais importantes para manter uma postura correta são:

  • Dormir de lado com o apoio de dois travesseiros, posicionando um deles abaixo da cabeça e o outro entre as pernas;
  • Apoiar o peso do corpo nos dois pés quando estiver com o corpo levantado;
  • Evite carregar peso nas costas, como mochilas ou bolsas pesadas;
  • Sentar com a lombar encostada na cadeira e evitar inclinar o corpo, principalmente quando se trabalha usando o computador;
  • Praticar exercícios físicos regularmente para fortalecer os músculos e ossos do corpo.

Como manter a prática de atividade física durante o tratamento?

“Muita gente acha que a prática de exercícios físicas podem piorar o quadro, mas isso não é verdade”, conta Marília.
Exercitar-se com a orientação de um fisioterapeuta ou personal trainer, que esteja ciente de sua lesão, pode inclusive ajudar no seu tratamento e prevenção.

Por promover o alongamento dos músculos, o pilates e as atividades na piscina também são ótimas soluções para quem tem a lesão ou quer evitá-la, pois priorizam a musculatura abdominal.