Hanseníase: o que é, sintomas, transmissão e mais sobre a lepra

Atualizado em 18 de julho de 2019

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POR Laura Lopes

Hanseníase, mais conhecida como bacilo de Hansen ou lepra, é uma das doenças mais antigas do mundo. Embora tenha sido reconhecida somente em 1873 pelo cientista norueguês Armauer Hansen, seu primeiro registro foi há mais de 4 mil anos na China, Egito e Índia.

No Brasil, o Ministério da Saúde registrou 28 mil casos novos da doença em 2016, sendo que a maior parte dos pacientes tinha de 5 a 15 anos ou estava acima dos 30 anos. Embora a incidência nacional seja baixa, a hanseníase é mais comum em países menos desenvolvidos ou com superpopulação.

Continue lendo e saiba mais sobre a doença:

O que é hanseníase?

É uma doença crônica, transmissível e infecciosa causada pela Mycobacterium leprae que atinge principalmente os nervos periféricos, a pele e as mucosas do trato respiratório superior.

Estágios

A hanseníase pode ser classificada de acordo com o tipo e o número de áreas comprometidas:

Paucibacilar

Pode ser indeterminada ou determinada e apresenta até cinco manchas ou placas com ou sem comprometimento neural. É o estágio inicial da doença.

Multibacilar

Pode ser borderline ou virchowiana e aparenta seis ou mais lesões na pele, com comprometimento de ao menos dois nervos. Em sua forma mais grave, compromete nariz, rins e pênis.

Quais são as causas?

A transmissão da hanseníase se dá por meio do contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz de um portador da doença, seja humano ou animal. O contato pela pele não transmite a doença.

Fatores de risco

Os principais fatores que atingem as pessoas com essa doença são:

  • Contato próximo com um portador da hanseníase multibacilar
  • Pobreza
  • Residência em áreas endêmicas
  • Hábitos inadequados de higiene
  • Predisposição genética

Sinais e sintomas de hanseníase

Mancha nas costas do paciente indicando sintomas de hanseníase.
MR.PRAWET THADTHIAM/Shutterstock

Os sintomas de lepra são múltiplos, mas os principais englobam:

  • Manchas brancas, vermelhas ou marrons em qualquer parte do corpo
  • Perda de sensibilidade, tato e sensação de dor nas mãos, pés, rosto, orelhas, tronco, nádegas e pernas
  • Áreas com diminuição de pelos e suor
  • Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas nos nervos dos braços e das pernas
  • Inchaço das mãos e dos pés
  • Úlceras em pernas e pés
  • Nódulos avermelhados e dolorosos no corpo
  • Febres, edemas e dor nas juntas
  • Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz
  • Ressecamento dos olhos

Diagnóstico

O diagnóstico de hanseníase é obtido por exames gerais e dermato-neurológicos que visam identificar a presença de lesões cutâneas, bem como regiões da pele com alteração na sensibilidade e na autonomia dos nervos periféricos. Se o paciente apresentar esses sintomas, será encaminhado para fazer uma biopsia dos nódulos ou placas.

Entre os exames mais realizados para a investigação estão baciloscópico de esfregaço cutâneo, biopsia cutânea, pesquisa de DNA da bactéria em tecido e pesquisa de anticorpos anti-PGL-1 no sangue.

Qual profissional procurar?

Se os sintomas de hanseníase surgirem, os profissionais mais habilitados para investigar e tratar o quadro são neurologista, dermatologista e infectologista.

Hanseníase tem cura?

Todas os estágios da lepra têm cura, basta seguir os tratamentos indicados da maneira correta.

Tratamento para hanseníase

O tratamento para a lepra pode levar de seis meses (para o tipo paucibacilar) a um ano (para o tipo multibacilar).

É realizado com a poliquimioterapia (PQT) associada a antimicrobianos sugerido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda no começo, a doença deixa de ser transmitida.

No início do tratamento, a dose deve ser tomada mensalmente e controlada pelo profissional de saúde. As demais podem ser auto-controladas.

Para as crianças, a dose padrão dos medicamentos deve ser ajustada de acordo com o peso e a idade. Já aos pacientes que possuem alguma intolerância aos compostos devem optar por esquemas substitutivos.

Prognóstico

Seguindo o tratamento adequado, é possível obter a cura da hanseníase. Porém, muitos doentes, devido à falta de acesso a locais de tratamento, ficam sem o diagnóstico, o que pode acarretar em deformidades físicas. Todavia, a hanseníase não mata.

Complicações

São vários os tipos de complicações que pode-se obter com a hanseníase:

Diretas

São decorrentes da presença do bacilo na pele em quantidades maciças, comuns em pacientes multibacilares. Levam a problemas como:

  • Rinite hansênica
  • Úlcera da mucosa septal
  • Colapso nasal
  • Afrouxamento dos dentes incisivos superiores
  • Destruição da espinha óssea nasal
  • Mucosa oral espessa, com nódulos no palato
  • Triquíase
  • Íris atrofiadas
  • Irites agudas ou crônicas

À lesão neural

Se forem primárias, atingem troncos nervosos, gerando paralisia e perda de extensão dos músculos dos dedos das mão e do punho.

Se a complicação for secundária, está relacionada, em sua maioria, a problemas neurais, como dificuldade de recuperação de úlceras planares, perda de sensibilidade e pele seca e fragilizada.

Às reações

Como a hanseníase é uma doença crônica, pode sofrer alterações em seu curso, o que resulta em febre alta, dor no trajeto dos nervos, lesões na pele e agravamento de lesões anteriores.

Prevenção

As formas de evitar lepra são:

  • Evitar o contato com secreções fisiológicas em pessoas infectadas
  • Manter hábitos de higiene saudáveis

Já a melhor forma de interromper a hanseníase é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.

Fontes

Organização Mundial da Saúde (OMS). Guia para eliminação da hanseníase como problema de Saúde Pública. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brazil_guide.pdf

Sociedade Brasileira de Dermatologia. Hanseníase. Disponível em: www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/hanseniase/9/

Center for disease Control and Prevention. Leprosy. Disponível em: www.cdc.gov/leprosy/index.html