Epidemia de febre amarela no Brasil? Tire suas dúvidas

Atualizado em 26 de junho de 2018

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POR Vinicius de Vita Cavalheiro

Após o governo federal anunciar o fim da epidemia de febre amarela no país, a doença parece que já voltou ao radar do poder público. Após a confirmação da Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que um macaco foi encontrado morto diagnosticado com o tipo silvestre da febre amarela, no Horto Florestal em 20 de outubro de 2017, a doença voltou a despertar a atenção do Ministério da Saúde.

Até o momento,  foram notificados 470 casos de febre amarela em humanos, com 35 casos confirmados (20 resultaram em óbito), 290 foram descartados e 145 continuam em investigação. A maior parte dos casos em investigação foram registrados na região Sudeste, 348 casos, sendo 223 só em São Paulo (com 11 óbitos).

Abaixo, entenda melhor como está a situação da epidemia de febre amarela no Brasil e tire suas dúvidas sobre as formas de transmissão da doenças e métodos de prevenção:

Epidemia de febre amarela no Brasil: verdade ou mentira?

Em 2017, o Brasil enfrentou o pior surto de febre amarela desde 1980. Foram pelo menos 777 casos e 261 mortes provocadas pelo vírus entre dezembro de 2016 e agosto do ano passado. Os estados mais afetados foram Minais Gerais (465 casos confirmados e 152 óbitos) e Espírito Santo (252 casos confirmados e 83 óbitos). Outras mortes também aconteceram no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins.

Em setembro, porém, o ministro Ricardo Barros (Saúde) chegou a anunciar a estagnação no número de novos casos da doença, já que o último caso havia sido registrado em junho, no Espírito Santo. Mas o anúncio do fim do surto de febre amarela no Brasil durou pouco. A morte de pelo menos cinco macacos em parques da zona norte de São Paulo voltaram a acender o alerta vermelho das autoridades para um possível novo surto da doença — desta vez no maior centro urbano do Brasil.

O governo, no entanto, diz que o surgimento de novos casos é normal em razão do aumento da temperatura. De fato, os meses mais quentes do ano, especialmente durante o verão, são o período de maior proliferação do Aedes aegypti. Inclusive, diversos parques acabaram sendo fechados para evitar mais casos.

Morte de macacos por febre amarela

Diversas infecções de macacos por febre amarela já foram registradas. No último período de monitoramento (2017/2018 – julho de 2017 a junho de 2018), foram confirmadas 411 epizootias (é uma doença que afeta os animais, semelhante a uma epidemia em seres humanos) de um total de 2.442 registradas. Do restante, 467 foram descartadas, 817 foram indeterminadas (sem coleta de amostras) e 747 permanecem em investigação. Foram confirmadas no Mato Grosso, 1 caso; Rio de Janeiro, 3 casos; Minas Gerais, 47 casos, e em São Paulo, o número mais impressionante, 360 casos confirmados.

Foram observados alguns casos de maus tratos contra esses animais, já que muitas pessoas acreditam que os macacos são transmissores da febre amarela. O que está totalmente errado, doença só pode ser transmitida através dos mosquitos, mesmo quando eles estão doentes, não podem infectar. Eles também estão mais expostos, afinal, estão nas matas.

Caso você presencie algum caso de mau trato aos animais, é importante fazer uma denúncia para a Polícia Ambiental. Você pode acessar o site da Polícia Ambiental do Brasil e procurar uma unidade de acordo com a região em que mora, já existem unidades em 25 dos 27 estados do país.

Campanhas de vacinação

O Ministério da Saúde, de 2017 até o momento, já encaminhou às Unidades Federadas por volta de 54,6 milhões de doses da vacina. Para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia foram enviados cerca de 41,9 milhões de doses da vacina febre amarela, com objetivo de intensificar as estratégias de vacinação de forma seletiva. A quantidade para cada foi:

  • São Paulo – 15,9 milhões
  • Minas Gerais – 8,5 milhões
  • Rio de Janeiro – 11,3 milhões
  • Espírito Santo – 3,6 milhões
  • Bahia – 2,6 milhões

Foram enviadas ainda 12,7 milhões de doses da vacina para atender o serviço de vacinação de rotina em todos os estados do país. Em São Paulo, sob a perspectiva de um novo surto, o governo iniciou novas campanhas, principalmente em áreas próximas aos locais onde os macacos foram encontrados mortos. Foi antecipada para o dia 25 de janeiro (3 de fevereiro, inicialmente) o início da aplicação da vacina fracionada, que será realizada em 54 municípios até o dia 17 de fevereiro, quando encerra a campanha no Estado. A medida será adotada também no Rio de Janeiro e na Bahia. Agora, uma dose, que antes era aplicada em uma só pessoa, será destinada para quatro pessoas.

Várias áreas no Brasil são consideradas de risco, o Ministério da Saúde listou municípios considerados de risco no país e que em suas áreas é recomendada a vacinação contra a febre amarela.

Lista de unidades de saúde para se vacinar contra febre amarela na Região Sudeste

Outras formas de prevenção

Você muito provavelmente já está cansado de saber das formas de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti. Além de transmitir a dengue e a febre amarela, ele também é responsável pela transmissão do zika vírus e da febre chikungunya, e nunca é demais se prevenir. Confira algumas dicas:

  • Evite o acúmulo de água parada, onde o mosquito costuma colocar seus ovos. É importante ficar atento para evitar qualquer foco de água da chuva acumulada.
  • Coloque areia nos vasos de plantas para evitar que elas se encham de água também.
  • Ralos de banheiros ou cozinhas raramente são focos do mosquito porque o uso de produtos químicos para limpeza é muito frequente. Por via das dúvidas, no entanto, é bom aplicar desinfetante para garantir que eles não se proliferam em ralos mais rasos, onde pode ficar água acumulada.
  • Lembre-se também de limpar as calhas (reservatórios, caixas d’água) e, se possível, de colocar telas nas janelas também para evitar que os maus cuidados do vizinho prejudiquem você e sua família.
  • Tenha sempre inseticidas e larvicidas às mãos para eliminar larvas do mosquito.