Constipação: causas e tratamentos eficazes para prisão de ventre

Atualizado em 09 de agosto de 2019

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POR Manuela Sampaio

Dificuldade de evacuar ou ir ao banheiro com pouca frequência podem se tornar grandes transtornos na vida de quem sofre com prisão de ventre. As causas da constipação intestinal são muitas e variam desde erros na alimentação até problemas graves de saúde, como tumores. Quanto antes identificá-las, melhor.

Continue lendo e saiba mais sobre o problema e seu tratamento:

O que é constipação intestinal?

Constipação intestinal é o atraso ou a demora na eliminação das fezes. Ela é caracterizada pela alteração crônica no padrão evacuatório, porém é mantida a eliminação.

Pacientes que só eliminam as fezes de uma vez a cada dois ou três dias, já são considerados constipados.

Nos casos em que a alteração de hábito intestinal acontece repentinamente, deve ser feita investigação diagnóstica que, invariavelmente, inclui o exame de colonoscopia.

Causas

Falta de fibras

As fibras são fundamentais para estimular os movimentos peristálticos que empurram as fezes para baixo e para a formação do bolo fecal. Por isso, sua falta predispõe o aparecimento de constipação intestinal.

Falta de água

Em caso de desidratação, o intestino reabsorve a água de seu conteúdo para devolver ao organismo. Como consequência, as fezes ficam ressecadas e difíceis de serem eliminadas.

Estresse

Pessoas que passam por algum estresse psicológico podem apresentar alteração momentânea do hábito intestinal.

Medicamentos

Constipação é comum em pacientes que usam frequentemente analgésicos fortes, em especial os “opioides”, como o tramal.

Uso excessivo de laxantes

O uso excessivo de laxantes pode ocasionar ou agravar quadros de constipação devido a uma “fadiga” do trato gastrointestinal, prejudicando o hábito evacuatório.

Gravidez

Prisão de ventre na gestação é muito comum e pode ter diferentes causas, como o crescimento uterino e as mudanças hormonais.

Sedentarismo

A prática de exercícios físicos estimula a peristalse, ou seja, a movimentação do intestino que empurra o bolo fecal para o reto. Sem esse estímulo, há mais chances de haver prisão de ventre.

Envelhecimento

Com o avançar da idade, a movimentação do intestino tende a diminuir, predispondo a prisão de ventre. O sedentarismo também pode contribuir para deixar o intestino preguiçoso.

Não ir ao banheiro quando sente vontade

Não obedecer ao estímulo evacuatório pode causar perda progressiva de sensibilidade. Portanto, quando surgir vontade de ir ao banheiro, vá imediatamente.

Anismo ou dissinergia

Disfunção dos músculos do assoalho pélvico em que há falta de sinergia na contração e relaxamento, impedindo a saída das fezes.

Síndrome do intestino irritável

A síndrome do intestino irritável pode se manifestar tanto por episódios de diarreia quanto por constipação. É marcada ainda por desconforto e cólicas abdominais.

Intolerâncias

Algumas intolerâncias alimentares também se manifestam com prisão de ventre, como é o caso do glúten e da lactose.

Problemas no cólon e reto

O câncer colorretal pode intercalar episódios de diarreia e prisão de ventre. É possível que haja vontade de evacuar mas incapacidade de fazê-lo.

Fissura anal e hemorroida

A fissura anal pode ser causada pela constipação, já que fezes endurecidas podem causar o machucado na região anal. Depois que ela está instalada, pode surgir medo de sentir dor ao evacuar, o que gera ainda mais constipação. O mesmo acontece em casos de hemorroida.

Doenças neurológicas

Algumas doenças neurológicas causam prisão de ventre crônica por alterarem a área cerebral responsável pela evacuação, é o caso do Acidente Vascular Cerebral (AVC) e da paralisia cerebral.

Doenças endócrinas e metabólicas

Algumas doenças endócrinas e metabólicas, como o hipotireoidismo e o diabetes, podem causar efeitos sistêmicos e “desacelerar” o intestino.

Câncer

Tumores podem causar bloqueios no intestino, impedindo ou limitando a evacuação. Nesses casos, há constipação severa.

Fatores de risco

Constipação é mais comum em :

  • Idosos;
  • Mulheres;
  • Pessoas com baixo consumo de água e/ou fibras;
  • Sedentários;
  • Usuários de medicamentos sedativos, narcóticos, para pressão arterial ou depressão;
  • Pessoas com ansiedade, depressão, TOC ou distúrbios alimentares.

Sinais e sintomas de constipação

Além do espaçamento entre as defecações, os pacientes podem referir quadros inespecíficos como mal-estar, “inchaço” na barriga, dor ao evacuar e fezes muito endurecidas.

Como identificar constipação em bebês?

Em bebês, muitas vezes há alterações na consistência das fezes, que passam a se apresentar em “cíbalos”, ou seja, pequenas bolinhas endurecidas.

Além disso, nessa faixa etária o choro devido às cólicas é um sintoma muito comum.

Diagnóstico

A prisão de ventre é determinada pelo hábito intestinal, que é avaliado por meio de questionamentos feitos pelo médico ao paciente.

A partir de então, o indivíduo deve ser examinado para determinar a causa da constipação. Podem ser feitos diversos testes, como:

Exames de sangue

Avalia os hormônios, proteínas e nutrientes a fim de verificar condições sistêmicas que gerem constipação, como hipotireoidismo.

Sigmoidoscopia

O procedimento consiste na inserção de um tubo flexível no ânus para examinar o reto e a parte inferior do cólon.

Colonoscopia

Feito por meio da introdução de uma câmera conectada a um tubo fino no ânus. O equipamento colhe imagens do intestino e reto e pode identificar alterações, como pólipos ou tumores.

Manometria anorretal

O médico insufla um pequeno balão no ânus. O dispositivo é, então, puxado de volta pelo músculo esfincteriano a fim de medir a coordenação dos músculos. Por vezes, o paciente pode ter de tentar expulsar o balão.

Estudo do trânsito colônico

Nesse teste, o paciente tem de engolir uma cápsula que contém um marcador que permite monitorar quanto tempo o sistema digestivo leva para evacuar.

Defecograma

Também chamado de defecografia, consiste na inserção de uma pasta mole, feita de bário, no reto, que deverá ser eliminada pelo paciente assim como ocorre com a expulsão de fezes. Tudo é monitorado por meio de um aparelho de raio-x. Esse exame é útil para revelar prolapsos e problemas com a função muscular anal.

Ressecografia por ressonância magnética

Assim como no defecograma, o paciente tem de “defecar” um gel de contraste previamente aplicado. A diferença é que tudo é monitorado por meio do exame de retoressonância magnética.

Tratamento de prisão de ventre

Medicamentos e laxantes

Alguns pacientes se beneficiam de reguladores intestinais, como o maleato de trimebutina, ou laxantes. Existem diferentes tipos disponíveis no mercado, mas eles devem ser indicados pelo médico e usados pontualmente ou por curto período de tempo, já que o uso prolongado pode tornar ainda mais o intestino preguiçoso.

Cirurgia

A cirurgia se torna uma opção de tratamento para prisão de ventre quando a sua causa está relacionada a acometimentos que dificultam ou impedem a passagem das fezes pelo intestino, como tumores, estenoses nas alças intestinais e até mesmo hemorroidas.

Fisioterapia pélvica

Casos de constipação de saída, como os relacionados à anismo e retocele, podem ser tratados por meio da fisioterapia pélvica, técnica que reeduca os músculos do reto e ânus.

Suplementos de fibras

Suplementos de fibras podem ser indicados para regular o intestino. Lembrando que consumir quantidades altas de fibras sem ingerir um bom volume de água gera o efeito contrário ao desejado e dificulta a evacuação.

Alimentação

Em casa, é fundamental cuidar da alimentação para evitar e tratar a prisão de ventre.

O primeiro passo é manter ingestão de água de em média dois litros por dia e de alimentos ricos em fibras, como vegetais, frutas e grãos.

Chás

O consumo de chás pode tanto melhorar a prisão de ventre quanto piorá-la. Isso porque alguns chás possuem teofilina, substância que, segundo estudos, pode causar desidratação e piorar o quadro. Por isso, o recomendado é sempre tomar, com moderação, até três xícaras por dia.

Existem ainda, ervas e plantas, como é o caso do sene e da cáscara sagrada, que se popularizaram por serem estimulantes do intestino. Converse com o médico ou nutricionista antes de tomar essas infusões.

Hábitos evacuatórios

Existe também a orientação sobre os hábitos evacuatórios. É recomendado manter disciplina de horário. Além disso, o estímulo evacuatório deve ser obedecido imediatamente, já que ignorá-lo, mesmo que por um tempo curto, pode causar perda progressiva do reflexo.

Também é importante evitar combinar a evacuação com outras atividades, como mexer no celular ou fazer leituras extensas, o que prolonga o tempo de permanência no vaso e pode tornar o ato mais tenso.

Fontes

Cirurgião geral Iuri Tamasauskas, do Centro Médico Consulta Aqui – CRM 119741

Jornal Brasileiro de Medicina. Constipação intestinal. Disponível em: files.bvs.br/upload/S/0047-2077/2013/v101n2/a3987.pdf

Short Reports. Tea consumption: a cause of constipation? Disponível em: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1504712/?page=1

National Digestive Diseases Information Clearinghouse. Constipation. Disponível em: digestive.niddk.nih.gov/ddiseases/pubs/constipation/index.aspx