Cigarro eletrônico: 14 perguntas comuns e suas respostas

Atualizado em 29 de julho de 2019

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POR Vinícius de Vita e Mariana Amorim

Com o aumento das pesquisas sobre os efeitos nocivos do tabagismo, a indústria do fumo viu uma nova oportunidade de negócio nos últimos anos: os cigarros eletrônicos. Também chamados de vaper ou vap, são dispositivos que podem ou não conter nicotina e que, teoricamente, minimizam as toxinas do cigarro original.

No mercado, há uma enorme gama de ofertas, embora ainda seja um item proibido no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Inclusive, o cigarro eletrônico não é indicado para quem deseja se livrar do vício, visto que falta embasamento científico para comprovar o real benefício para a saúde.

Abaixo, trazemos todas as informações sobre o cigarro eletrônico e até que ponto ele pode ser considerado uma alternativa segura ao tabagismo comum.

O que é?

Cigarro eletrônico é um pequeno aparelho que simula a experiência do tabagismo e que costuma ser visto como uma opção mais saudável — ou menos prejudicial — do que o cigarro comum, sendo atrativo para pessoas que querem parar de fumar ou desejam reduzir a quantidade de substâncias tóxicas por tragada.

Nele, há um recipiente que contém nicotina líquida, água, solventes e aromatizantes (com sabor ou não), cuja mistura é vaporizada e inalada.

Criado em meados de 1960 nos Estados Unidos, ainda não é unanimidade na Medicina, embora há quem o considere um importante redutor de danos do tabagismo.

Quais são os tipos?

Os cigarros eletrônicos seguem o mesmo padrão de funcionamento, o que muda, no entanto, são os modelos de acordo com a marca e as possibilidades de customização.

Como funciona?

No cigarro eletrônico não há queima de tabaco por meio de fogo, mas há superaquecimento de substâncias contidas no cartucho, como nicotina, solventes e aromatizantes, pela força da bateria.

De acordo com o cardiologista Rodrigo Ésper, da Sociedade Brasileira Hemodinâmica Cardiologia, há indícios de que esse mecanismo possa até mesmo induzir determinadas reações e mudanças físicas nos componentes do cartucho, formando outras substâncias potencialmente tóxicas ao organismo.

Cigarro eletrônico faz mal?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não conseguiu determinar quais malefícios o cigarro eletrônico pode trazer à saúde, mas é fato que ele não é um produto 100% livre de riscos.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia não recomenda o uso pois a inalação de gás quente pode estar relacionada a alguns tipos de tumores de cavidade oral e esôfago. Inclusive, o possível benefício de usar o aparelho em detrimento do cigarro convencional nunca foi validado cientificamente.

Por outro lado, médicos que indicam o cigarro eletrônico defendem que com ele o usuário continua a consumir nicotina, mas sem as outras substâncias tóxicas do cigarro convencional, como alcatrão.

Mas o cigarro eletrônico não tem menos substâncias tóxicas?

Essência do cigarro eletrônico.
FOTOGRIN/Shutterstock

Sim. É justamente por isso que muitos o defendem como substituto ao cigarro comum. O problema é que ter menos substâncias nocivas à saúde não significa que o produto é totalmente livre de riscos.

Na realidade, existem muitas versões do cigarro eletrônico que trazem a nicotina diluída no líquido que é posteriormente convertido em vapor.

Vicia?

O cigarro eletrônico pode ou não conter nicotina, substância que causa dependência por estimular a produção de dopamina – neurotransmissor que atua nos centros de prazer do cérebro.

Pela falta de padronização do mercado, podem haver outras variedade de produtos que divergem em relação aos formatos, concentrações de líquidos e marcas. Portanto, é complicado avaliar de maneira geral se um produto é capaz ou não de viciar o consumidor.

Quais substâncias estão no líquido do cigarro eletrônico?

A essência do cigarro eletrônico pode ser adquirida em pequenos recipientes — geralmente em tabacarias — e é introduzida em um minirreservatório.

Ao todo, já existem mais de 7 mil variações de sabores. A maioria vem com nicotina diluída, mas também é possível encontrar sem.

De toda forma, apesar de não se comparar ao cigarro comum, é necessário ficar atento à composição: já foram encontradas substâncias nocivas à saúde, como chumbo, níquel, estanho e crômio. Muitas delas, inclusive, com potencial carcinogênico.

O teor de nicotina presente nos líquidos para cigarro eletrônico, aliás, varia de acordo com o fabricante, podendo ser de zero até 36 mg/mL.

Quais os riscos do cigarro eletrônico?

Ainda não se sabe exatamente quais malefícios são intrínsecos ao cigarro eletrônico, mas a própria nicotina — presente em parte dos líquidos utilizados — já é uma velha conhecida da Medicina não só por só provocar o vício, mas também por trazer riscos à saúde.

Ela está relacionada à maior probabilidade de doenças cardiovasculares, atraso no desenvolvimento do feto, maior risco de aborto espontâneo e de parto prematuro.

Há vantagens no uso do cigarro eletrônico?

Além da exposição a uma quantidade menor de substâncias tóxicas, o cigarro eletrônico chama atenção por não deixar os dentes amarelados (um dos principais problemas estéticos causados pelo fumo comum), não provocar mau cheiro, ser menos poluente, mais barato (em longo prazo) e apresentar menor risco de doenças pulmonares — até mesmo no caso do fumo passivo.

Ajuda a parar de fumar?

O uso do aparelho não é entendido por entidades oficiais de medicina e ciência no Brasil, caso do Ministério da Saúde, como um método de combate ao hábito de fumar. Inclusive, a Anvisa proíbe comercialização, importação e propaganda de quaisquer Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF).

O motivo é que não há comprovações científicas que apontem o cigarro eletrônico como boa ferramenta para quem quer largar o tabagismo. “Pelo contrário, evidências mostram que usuários desses produtos têm menos chance de deixar de fumar”, explica Ésper.

Onde comprar cigarro eletrônico?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009 proíbe o comércio e a publicidade do cigarro eletrônico no País com base no princípio da precaução — uma vez que nenhum estudo até agora foi capaz de associá-lo a tentativas bem-sucedidas de pôr fim ao vício ao tabagismo tradicional.

No entanto, seu uso não é considerado crime no Brasil.

Só o Brasil proíbe a venda deste tipo de cigarro?

Países como Argentina, Canadá, Áustria e Colômbia também não permitem que cigarros eletrônicos sejam comercializados. Em outros lugares, como Austrália, Dinamarca e Bélgica, só é permita a venda das versões sem nicotina.

Quanto custa?

Atualmente, é possível encontrá-lo facilmente em lojas pela internet ou adquiri-lo em viagens do exterior. Os preços variam de acordo com a tecnologia usada, mas começam em R$ 50 e podem chegar a R$ 1.200.

Quais as formas seguras para parar de fumar?

Quem deseja parar de fumar pode recorrer aos já conhecidos chicletes e adesivos de nicotina, que costumam surtir bastante efeito. Para quem não consegue alcançar os resultados desejados com esses métodos, é recomendada a busca por ajuda médica para adotar outras abordagens.

Fontes

Cardiologista Rodrigo Ésper, da Sociedade Brasileira Hemodinâmica Cardiologia – CRM 115.674/SP

Anvisa. Danos à saúde – Cigarro Eletrônico. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/tabaco/cigarro-eletronico