Câncer colorretal: chances de cura chegam a 90% com diagnóstico precoce

Atualizado em 05 de julho de 2018

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POR Vinícius De Vita

Câncer colorretal é o nome dado ao tipo de tumor maligno que pode atingir tanto o cólon (parte do intestino grosso) quanto o reto. É tratável e, como acontece com boa parte das doenças desta natureza, há maior chance de cura se for identificado precocemente.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de cólon afeta homens e mulheres praticamente na mesma proporção. Em 2018, foram estimados 17.380 novos casos na população masculina e 18.980 na feminina.

Embora as informações oficiais de óbitos decorrentes deste tipo de câncer sejam pouco atualizadas, elas revelam um aspecto preocupante: segundo o próprio INCA, em 2013, 7.387 homens e 8.024 mulheres morreram em decorrência do tumor. Proporcionalmente falando, este número equivale a pouco menos da metade do índice atual de novos diagnósticos.

Trata-se do segundo tipo de tumor letal mais frequente entre elas e o terceiro tipo com maior incidência entre eles. Apesar da defasagem, é pouco provável que o cenário esteja muito diferente nos dias de hoje.

Isso se dá porque grande parte das pessoas atualmente deixam de realizar o exame que melhor consegue detectar a presença do câncer em estágios iniciais, em que a chance de cura é de 90%.

A negligência com o teste de sangue oculto nas fezes, como é chamado, muitas vezes faz com que o tumor só seja detectado em estágios avançados, quando já se espalhou para outros órgãos. Nestes casos, as chances de cura caem consideravelmente.

Causas do câncer colorretal

 

Mulher segurando diagrama que mostra câncer colorretal.

aslysun/Shutterstock

O surgimento do câncer de cólon e reto é, assim como em outros tipos de tumores malignos, decorrente de predisposição genética e coeficientes ambientais e alimentares.

Os fatores de risco que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver este câncer que afeta o sistema digestivo são:

  • Dieta rica em carne vermelha, alimentos processados e gorduras;
  • Sedentarismo;
  • Obesidade e sobrepeso;
  • Tabagismo;
  • Alcoolismo;
  • Idade superior a 50 anos;
  • Diagnóstico anterior de pólipos ou de doença inflamatória intestinal;
  • Predisposição genética (quando algum familiar já teve câncer de colorretal).

Sinais e sintomas

 

Mulher com a mão na barriga, sentindo dor.

siam.pukkato/Shutterstock

O sinal mais comum do câncer colorretal é a presença de sangue nas fezes. É importante deixar claro, porém, que nem todo sangramento retal é necessariamente um sintoma de tumor, já que existem inúmeras causas deste quadro.

Outros sintomas e sinais que podem vir acompanhados do citado acima, e que talvez tenham relação com um tumor na região colorretal, são:

  • Sensação constante de fraqueza;
  • Perda de peso intensa e sem causa aparente;
  • Fezes pastosas e escuras;
  • Anemia sem causa aparente (principalmente em pessoas acima dos 50 anos);
  • Alterações significativas no funcionamento do intestino (diarreia ou constipação frequentes);
  • Desconforto abdominal (gases ou cólicas);
  • Sensação de evacuação incompleta;
  • Dor na região anal.

Caso sinta um ou mais destes sinais, busque um médico especialista, como um proctologista ou oncologista.

Diagnóstico de câncer colorretal

Existe um exame muito simples e barato que detecta o tumor nos estágios iniciais e, deste modo, pode aumentar significativamente as chances de cura: o teste de sangue oculto nas fezes.

Para pessoas dos 50 aos 75 anos, ele é indicado uma vez a cada 12 meses. Antes disso, a recomendação médica só ocorre em casos especiais.

Este exame de rotina é muito importante, porém somente sua realização não é capaz de fechar um diagnóstico.

Quando o teste confirma a presença de sangue oculto nas fezes, o médico geralmente indica a realização de um segundo exame (colonoscopia, na maioria dos casos) para verificar, por meio de uma micro-câmera introduzida no ânus, a presença de inflamações, verrugas ou massas cancerosas.

Em algumas circunstâncias, pode ser necessário realizar uma biópsia para diagnosticar ou afastar as possibilidades de câncer colorretal.

Por que tão poucos fazem o teste de sangue oculto nas fezes?

Segundo um estudo conduzido pelo hospital A.C. Camargo, localizado em São Paulo, 45% das pessoas não entregam as amostras de fezes solicitadas ao hospital.

O levantamento foi feito com 1.200 pacientes que tinham indicação para o exame. Uma das principais razões observadas pelos pesquisadores foi a correria do dia a dia, que faz com que muitos negligenciem a própria saúde.

Tratamento

O tratamento para câncer colorretal em estágios iniciais é bem menos agressivo. Nestes casos, geralmente retiram-se os pólipos ou lesões por meio de colonoscopia ou cirurgia laparoscópica.

Já nos tumores maiores no cólon, pode ser necessário realizar um procedimento cirúrgico mais complexo para remover as massas malignas.

Nos tumores de reto, por sua vez, indicações de radioterapia e quimioterapia são mais frequentes. No entanto, o tipo de tratamento varia muito de acordo com o tamanho da lesão, o local afetado, a extensão e a presença ou não de metástase.

Quando identificado precocemente, as chances de cura para o câncer colorretal passam dos 90%. Quando já se espalhou para outros órgãos, a possibilidade de livrar o organismo definitivamente do tumor são bem mais escassas.

Formas de prevenção

A melhor forma de prevenir o câncer colorretal é eliminar os fatores controláveis de riscos da rotina. Seguir uma dieta balanceada, sem a presença de alimentos processados, pobre em gorduras e com equilíbrio no consumo de carne vermelha pode ser um bom ponto de partida.

Começar a praticar atividades físicas, manter peso adequado, parar de fumar e não exagerar na bebida são outras medidas bastante recomendadas para evitar este tipo de câncer e outros também.

Para fatores não relacionados a maus hábitos, como histórico familiar da doença, é importante fazer acompanhamento médico para garantir que, caso o câncer surja, ele seja diagnosticado precocemente.

Mesmo para quem têm hábitos saudáveis – ou pelo menos passou a ter recentemente -, exames de rastreamento, como o de sangue oculto nas fezes, continuam sendo fundamentais. Eles geralmente têm recomendação obrigatória a partir dos 50 anos.