Verruga genital: o que causa, tratamento e relação com HPV

Notar a presença de uma verruga na vagina, no pênis ou em qualquer outra parte da região íntima é sempre um sinal de alerta para a presença de Infecção Sexualmente Transmissível (IST).

Caso a lesão lembre uma couve-flor, provavelmente se trata de um condiloma acuminado, tipo de alteração ligado ao HPV e que pede uma consulta médica imediata para que seja tratada antes que se espalhe pelo corpo ou seja transmitida a outras pessoas.

O que é?

A ginecologista Maria dos Anjos Neves Sampaio Chaves, responsável pelo setor de genitoscopia do Salomão Zoppi Diagnósticos, explica que verruga genital ou condiloma acuminado é o HPV verrucoso.

Trata-se de uma manifestação do HPV que não é oncogênica, ou seja, não causa câncer. No entanto, é altamente contagiosa: a verruga apresenta capacidade de infecção muito maior do que as chamadas lesões subclínicas causadas pelo HPV, estas, sim, oncogênicas e visíveis apenas por exames de imagem, como a colposcopia, vulvoscopia, peniscopia e anuscopia de magnificação.

Toda verruga genital é HPV?

Toda verruga no pênis, na vagina ou em outra área genital é causada pelo HPV.

Causas de verruga genital

 

Ilustração do vírus do papiloma humano na superfície de uma membrana da pele.
Kateryna Kon/Shutterstock

As verrugas genitais são causadas principalmente pelas cepas 6 e 11 do HPV, denominados vírus de baixo risco por serem quase sempre benignos e raramente se transformarem em câncer.

Fatores de risco

Os fatores de risco que predispõem o aparecimento de verruga genital estão intimamente relacionados ao ato sexual. A presença de fissuras e lesões prévias na pele aumenta as chances da infecção, já que é raro que haja contágio por meio de contato com a pele íntegra, isso em qualquer prática sexual. Considera-se ainda grupos de risco:

  • Pessoas com múltiplos parceiros sexuais
  • Indivíduos portadores de doenças autoimunes
  • Pessoas que tenham realizado transplantes
  • HIV positivo
  • Pessoas que fazem tratamento com quimioterapia e radioterapia
  • Pessoas com outras ISTs
  • Indivíduos que não usam preservativos

Vale lembrar que a cobertura com o preservativo não previne 100% o contágio, pois podem haver lesões de pele que, durante o contato sexual, não são protegidas pelo preservativo. Porém, isso está longe de dizer que seu uso é desnecessário.

Sinais e sintomas associados

O condiloma acuminado é uma lesão vista a olho nu, como uma verruga, que tem forma semelhante ao da couve-flor. Ele pode surgir em qualquer parte do trato anogenital (ânus, vulva, vagina e pênis) e cavidade oral, sendo vulgarmente chamado de crista de galo.

Sua tonalidade pode variar desde esbranquiçada até hipercrômica (mais escurecida). Por serem lesões vascularizadas, pode haver sangramento e ardência.

Coça?

As verrugas genitais não doem, podem se espalhar rapidamente e são vascularizadas, portanto podem sangrar, arder e coçar.

Dói?

O condiloma acuminado não gera dor, exceto em casos nos quais exista algum quadro associado, como fissura na pele.

Diagnóstico

Em caso de verruga genital, é indicado consultar um médico. Ele solicitará exames para definir o diagnóstico, embora a presença da verruga por si só já indica que houve contato com o HPV.

Os exames posteriores servem para identificar as características do vírus, como os subtipos que estão presentes, e a ação dele sobre o trato genital, como a presença lesões que possam ser de HPV de alto risco, capaz de gerar lesões malignas.

Papanicolau

O papanicolau ou Citologia Oncótica é um exame que consiste na verificação de alterações celulares por meio da coleta de secreção da vagina e do colo uterino.

O papanicolau não é feito para investigar a verruga em si, mas para detectar outras possíveis alterações causadas pelo HPV no sistema reprodutor.

Colposcopia

A colposcopia é um exame que analisa detalhadamente a vagina e o colo do útero por meio do colposcópio e de reagentes que permitem a visualização de lesões de HPV induzidas, as quais são precursoras do câncer do colo uterino.

Teste para HPV

É um método de análise da carga viral do vírus por meio da coleta da secreção genital. Além disso, permite saber qual subtipo de HPV está presente no colo do útero.

DNA HPV

O DNA HPV (Captura Híbrida) pode ser solicitado junto à coleta da citologia em meio líquido. Ele serve especialmente para detectar o vírus latente no corpo.

Qual profissional procurar e o que perguntar a ele?

É importante procurar um ginecologista ou urologista. Na consulta, é indicado se informar sobre os cuidados para evitar infectar outras pessoas, assim como a necessidade de suspender temporariamente as relações sexuais.

Tem cura?

As verrugas podem ser tratadas e desaparecer, mas isso não significa que o vírus foi eliminado do organismo. Em situações de queda de imunidade, elas podem voltar a surgir.

Pode sumir sozinha?

Em alguns casos, as lesões podem desaparecer espontaneamente, sem que seja feito nenhum tratamento específico. No entanto, é recomendado ir ao médico o quanto antes ao notar a presença de uma verruga genital.

Tratamentos para verruga genital

Cauterização

As lesões verrucosas são geralmente tratadas com cauterização, que pode ser química, com ácido tricloroacético, laser ou crioterapia.

Cirurgia

Verruga genital extensa gerada pela alta contaminação pode necessitar de remoção cirúrgica.

Tratamento caseiro

Nenhum tratamento caseiro deve ser feito pois há grande risco de provocar uma lesão na pele e ainda causar infecção cutânea.

O único cuidado em casa válido, sempre obedecendo a recomendação médica, é interromper a atividade sexual até que o problema seja tratado, uma vez que usar preservativo, apesar de muito recomendado e imprescindível, não reveste 100% da genitália e deixa algumas áreas descobertas. Caso haja lesão nessas porções desprotegidas, pode haver transmissão.

Complicações

As complicações relacionadas à verruga genital estão mais ligadas à presença do HPV e de lesões subclínicas. Esses achados indicam a possibilidade de haver câncer no futuro e, por isso, os pacientes devem ser acompanhados periodicamente pelo médico.

Prognóstico

Tratadas as verrugas genitais, é importante manter a imunidade sempre alta, alimentando-se bem e tendo um bom sono, por exemplo, para que quedas não façam com que as verrugas reapareçam.

É essencial também ir ao médico ao menos uma vez ao ano para avaliar a presença de lesões subclínicas e cepas de alto risco do HPV.

Prevenção

Recomenda-se se consultar com um médico uma vez ao ano para realizar exames de acordo com a faixa etária, além de investigar, caso necessário, ISTs.

Qualquer verruga genital deve ser prontamente avaliada. A vacina contra HPV é indicada para evitá-las, visto que evita os subtipos mais graves, que são 16 e 18 e 6 e 11.

 

Fonte

Ginecologista Maria dos Anjos N. S. Chaves, especialista em Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia e responsável pelo setor de Genitoscopia do Salomão Zoppi Diagnósticos, da Dasa – CRM 61365