DIU: tipos, como funciona, riscos, preço e mais dúvidas respondidas

Atualizado em 24 de abril de 2019

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POR Manuela Sampaio

DIU, sigla para Dispositivo Intrauterino, é um método contraceptivo cuja busca tem aumentado nos últimos anos devido a seu efeito de longa duração e à preocupação crescente com os efeitos colaterais de outros métodos, principalmente as pílulas anticoncepcionais.

Composto por hormônios ou por cobre, o implante posicionado dentro da cavidade do útero impede a fecundação com alta eficácia. Saiba como:

O que é DIU?

Também chamado de Sistema Intrauterino (SIU), o DIU é um método contraceptivo feito de plástico flexível em forma de “T”. Alguns modelos mais modernos possuem formato de “Y”, de modo a preencher a cavidade uterina.

O implante é colocado pelo ginecologista e permanece no corpo da mulher por um longo período antes do vencimento de seu prazo de validade.

Tipos de DIU

Existem dois tipos diferentes: o DIU de cobre e o DIU de Mirena ou hormonal.

Apesar de ambos produzirem efeitos a partir do interior do útero, apresentam diferenças:

DIU de cobre

O DIU de cobre pode ser composto apenas por cobre ou possuir também prata em sua composição.

Como não tem hormônios, evita a gravidez por meio da alteração do muco cervical e da cavidade endometrial, deixando o meio uterino hostil para a passagem dos espermatozoides.

DIU Mirena ou hormonal

O DIU hormonal é composto por um derivado de progesterona, hormônio sexual que atua sobre o ciclo ovariano. Ele também leva à alteração do muco cervical e provoca atrofia endometrial importante. Algumas pacientes têm bloqueio da ovulação, mas não é uma regra.

Composição

Médico segurando diu de cobre.
lauramntg/Shutterstock

Enquanto o hormonal é composto por progesterona, o não hormonal é formado apenas por cobre ou por cobre e prata.

Indicação

Toda mulher em idade fértil, com vida sexual ativa e que deseje prevenir gravidez pode colocar DIU, basta que não haja impedimentos, como infecções uterinas, por exemplo.

Como funciona DIU?

Tanto o DIU de cobre quanto o hormonal geram alterações que tornam o útero e o endométrio inóspitos para o espermatozoide. Além disso, o DIU que contém hormônio pode impedir a ovulação.

Chance de engravidar

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de DIU para não engravidar é bastante seguro.

As chances de gestação usando são de 0,8% e 0,2%, respectivamente.

O DIU não hormonal precisa estar bem localizado no fundo do útero para a sua proteção máxima. Já o DIU hormonal pode ficar um pouco mais baixo que sua eficácia não será alterada. É fundamental ir a consultas periódicas com o ginecologista para avaliar se o implante está no posicionamento correto.

Vantagens em relação a outros métodos

A principal vantagem do método é sua longa duração – de três a dez anos –, que não exige que a mulher se lembre todos os dias de usar o contraceptivo, como no caso da pílula. Isso evita esquecimentos, responsáveis por grande parte dos casos de gravidezes tomando anticoncepcional.

Vale lembrar ainda que o dispositivo não previne Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), portanto não dispensa o uso de preservativos.

Como é colocado?

A colocação costuma acontecer em consultório com anestesia local. Caso a paciente tenha histórico de desconforto excessivo durante o procedimento, ele pode ser realizado em centro cirúrgico com sedação.

Com o uso de equipamentos específicos, como o espéculo, o ginecologista introduz o dispositivo dentro da cavidade uterina. Um fio, que será usado posteriormente para retirá-lo, é posicionado no canal vaginal.

Dói?

A presença de dor dependerá da técnica usada pelo médico e da sensibilidade da paciente. O procedimento é feito com anestesia e/ou sedação e, após ele, medicamentos analgésicos são recomendados para que possíveis cólicas sejam aliviadas.

Pode ter relação depois de quanto tempo?

A paciente que colocou DIU hormonal no período menstrual está liberada para atividade sexual segura imediatamente, mas pode ser recomendado aguardar 48 horas em caso de cólicas.

Muitos médicos optam por colocar SIU durante a menstruação porque, assim, haverá certeza de que a paciente não está grávida, situação que acarreta em riscos, como aborto.

Com o SIU não hormonal, é indicado ter relação sexual sem preservativo só após a realização de ultrassonografia transvaginal para avaliar se o dispositivo está bem posicionado.

Como é retirado?

A retirada é feita pelo ginecologista de maneira mais simples que a colocação: basta puxar o fio que ficou posicionado no canal vaginal.

Quanto tempo dura DIU?

O DIU Mirena tem validade de 5 anos.

Já o tempo para remoção do DIU contraceptivo não hormonal dependerá de qual modelo foi colocado. Existem modelos que duram 3, 5 e 10 anos.

Ação sob a menstruação

O Mirena pode causar aumento do fluxo menstrual nos primeiros três meses, após isso costuma haver retorno do padrão menstrual anterior à colocação.

No Mirena, a maioria das mulheres para de menstruar depois de 3 a 6 meses. Algumas apresentam sangramento muito escasso e irregular mesmo depois esse período.

Efeitos colaterais

DIU no útero.
Fancy Tapis/Shuttersrock

Algumas pacientes com bloqueio da ovulação por causa do DIU hormonal podem cursar com diminuição da libido.

No caso do dispositivo não hormonal, é possível haver aumento do fluxo menstrual e cólicas, que também melhoram após alguns meses.

Engorda?

O aparelho hormonal pode causar retenção de líquidos, mas este efeito colateral não é comum e tende a ser passageiro.

Acne

Algumas pacientes que trocam o anticoncepcional combinado (com estrogênio e progesterona) para o hormonal relatam aparecimento de acne nos primeiros meses, mas com melhora após o período.

Riscos do DIU

Perfuração

Há risco de perfuração uterina, emergência médica em que é necessário fazer um procedimento cirúrgico para remoção.

Gravidez ectópica

Embora raramente, pode haver gravidez ectópica, ou seja, nas trompas. Ela ocorre porque a mobilidade alterada das trompas pelo DIU pode facilitar o encontro dos gametas em outros locais que não a cavidade uterina.

Há risco de trombose?

Diferentes de outros métodos contraceptivos, esse não acarreta risco de trombose por não conter o hormônio estrogênio, diretamente relacionado à alterações na coagulação.

Contraindicação

Existe contraindicação de uso de DIU hormonal para pacientes que tiveram câncer de mama ou que apresentam alteração no sistema reprodutivo feminino, como doença inflamatória pélvica, sangramentos, infecções, endometriose ou mioma.

Lactantes podem usar?

Não há contraindicação para o uso durante a amamentação.

Riscos para gravidez

Se a paciente engravidar usando SIU, sua retirada é feita o quanto antes.

Neste caso, há risco de gravidez ectópica, infecções, aborto e prematuridade.

Interações medicamentosas

Tanto o hormonal quanto o de cobre não interagem com medicações.

Preço

Para a realização de forma particular, é necessário pagar tanto pelo dispositivo em si quanto pela colocação do mesmo dentro do útero.

O valor do DIU varia de R$ 100 a R$ 1 mil, a depender do tipo, sendo os de cobre mais baratos. Já os honorários médicos giram em torno de R$ 200 a R$ 600.

Alguns planos de saúde cobrem tanto a colocação do não-hormonal quanto do hormonal.

DIU pelo SUS: como conseguir?

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o de cobre, mas não oferece o Mirena.

Para conseguir realizar o procedimento gratuitamente, é necessário marcar consulta em hospital público ou Unidade Básica de Saúde, realizar exames e fazer a colocação.

Principais dúvidas sobre DIU

Pode sair do lugar? O que fazer se acontecer?

O DIU pode sair do lugar e é por isso que é tão necessário fazer consultas periódicas semestrais ou anuais para verificar sua posição.

O não hormonal, em especial, precisa estar bem localizado no fundo do útero para ser eficaz.

Parceiro pode sentir o DIU na relação?

Isto não acontece porque o fio do dispositivo?, que fica localizado no canal vaginal, é bem curto, com medida em torno de 1 cm.

Afeta a libido?

Caso a mulher opte pelo DIU hormonal, pode haver bloqueio da ovulação e diminuição da libido.

Fontes

Ginecologista e obstetra Maria Elisa Noriler. CRM/SP 99557

Center for Disease Control and Prevention. Intrauterine Contraception. Disponível em: www.cdc.gov/reproductivehealth/contraception/mmwr/spr/intrauterine.html

NSH UK. Intrauterine device (IUD). Disponível em: www.nhs.uk/conditions/contraception/iud-coil