A erisipela é uma infecção de pele que costuma acometer pessoas mais velhas, embora também possa afetar outras faixas etárias. Basta que um machucado na pele permita que uma bactéria oportunista – que em geral vive na derme sem causar maiores desconfortos – penetre e cause a infecção.
A doença pode ter consequências graves, por isso é necessário tratá-la o quanto antes. Saiba tudo sobre a erisipela a seguir.
O que é?
De acordo com a dermatologista Carla Bortoloto, membro da American Academy of Dermatology, a erisipela é uma infecção causada por uma bactéria que está normalmente presente na pele. “Quando existe uma porta de entrada, consequentemente, o micro-organismo invade o corpo e gera uma infecção mais profunda”, explica.
Entre as “portas de entrada”, estão úlceras, machucados diversos, picadas de inseto e até micoses. Além da derme, o processo infeccioso pode atingir tecidos subcutâneos e vasos linfáticos.
Causas
Diferentes bactérias podem causar a erisipela. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o Estreptococo beta-hemolítico do grupo A é o principal micro-organismo envolvido no surgimento do problema.
É contagiosa?
A especialista conta que, como é causada por uma bactéria, a erisipela pode ser contagiosa. “O aumento deste germe na pele pode causar contaminação em quem tiver em contato direto com o paciente”.
Carla Bortoloto ainda alerta: “A bactéria pode gerar outros tipos de infecção, mais superficiais, por isso o tratamento deve ser iniciado o quanto antes para que evitar mais danos”.
Fatores de risco
Existem alguns fatores que favorecem o desenvolvimento da erisipela, principalmente por favorecerem a ocorrência de lesões pelo corpo:
- Longa permanência no leito (pacientes acamados)
- Diabetes
- Micose nos pés ou nas unhas
- Insuficiência venosa ou arterial em membros inferiores
Sinais e sintomas
É possível que os sintomas que afetam o corpo de forma geral surjam primeiro. Entre eles, estão febre, calafrios, fadiga e mal-estar.
Há também manifestações locais, como inchaço, dor, rubor e calor na região atingida.
Apesar de poder acometer qualquer parte do corpo, o tipo mais comum é a erisipela na perna, principalmente em idosos com circulação sanguínea prejudicada.
Diagnóstico
O diagnóstico da erisipela é essencialmente clínico, ou seja, por meio de conversa com médico e exame físico. Em casos específicos, pode ser feita uma biópsia para identificar qual é a bactéria causadora das lesões.
Qual profissional procurar?
O tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível, por isso, considere buscar um serviço de emergência. Dermatologistas e infectologistas são os principais especialistas no acompanhamento da erisipela.
Complicações
Se não for tratada rapidamente, a erisipela pode gerar complicações:
Erisipela bolhosa
De acordo com o Ministério da Saúde, estas bolhas podem ter conteúdo amarelado ou amarronzado e dar sequência à necrose da pele.
Atrofia e úlceras
Pode haver ainda escurecimento, atrofia da parte afetada, úlceras, trombose e linfedema, que é um inchaço de origem linfática.
Sepse
A dermatologista alerta ainda que a complicação mais temida é a evolução da infecção generalizada, o choque séptico.
Prognóstico
Em grande parte dos casos a erisipela é uma doença perfeitamente curável que permite que o paciente leve uma vida completamente normal após sua resolução. No entanto, há casos em que ela volta repetidas vezes, sendo necessário um tratamento diferenciado e prolongado.
Tem cura?
A erisipela é uma doença curável desde que feito o tratamento correto. Vale lembrar que quanto antes ele for iniciado, menores as chances de complicações.
Tratamentos
A dermatologista explica que o tratamento é realizado com antibióticos específicos, para controle da infecção, e cuidados gerais, como higiene do local com água e sabonete. Em alguns casos, pode ser necessária cirurgia para retirar focos de necrose da pele.
Remédios
O tratamento da erisipela é feito com o uso de antibióticos, comumente uma forma de penicilina.
É importante ainda sanar a “porta de entrada” da infecção: se for uma micose, por exemplo, cremes e medicamentos tópicos podem ser recomendados para curá-la.
Se for um caso de erisipela de repetição, o médico poderá recomendar um tratamento prolongado com antibióticos, prescrevendo-os a cada 21 dias, por exemplo.
É possível ainda que sejam receitados medicamentos para manejo dos sintomas, como analgésicos e anti-inflamatórios.
Tratamento caseiro
Em casa, o paciente deve ter alguns cuidados para o adequado tratamento da erisipela. De acordo com a British Dermatologists Association, enquanto a região estiver inchada, avermelhada e quente, o paciente deve mantê-la em repouso. Caso a erisipela seja na perna, uma possibilidade é deixar o membro em posição elevada.
É indicado ainda manter adequada higiene da região e utilizar loções hidratantes indicadas pelo médico para evitar secura na pele.
Prevenção
Para prevenir a erisipela, é indicado manter uma boa higiene da pele, em especial das pernas, e enxugar-se sempre muito bem após o banho. Fique atento ao aparecimento de micoses e trate-as o mais rápido possível.
É importante ainda que pessoas com fatores de risco, como as com diabetes e alterações cardiovasculares, tomem medidas para otimizar a circulação, como uso o uso de meias elásticas (sob a indicação de um profissional de saúde), prática de atividades físicas e evitar sobrepeso.
Fontes
Sociedade Brasileira de Dermatologia. Erisipela. www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/erisipela/38
Biblioteca Virtual da Saúde. Erisipela. bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/248_erisipela.html
British Association of Dermatology. CELLULITIS AND ERYSIPELAS. www.bad.org.uk/shared/get-file.ashx?id=156&itemtype=document