O câncer de colo de útero é o terceiro tumor maligno mais comum na população feminina brasileira. Também chamado de câncer cervical, pode ser prevenido a partir de hábitos simples, porém muito eficazes. Conheça os tipos, estágios, causas, tratamentos e como se prevenir.
O que é?
O colo do útero é localizado no final da vagina, ou seja, entre órgãos externos e internos, o que o torna mais exposto ao risco de contrair doenças.
O câncer de colo de útero é causado por uma infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano, conhecidos popularmente como HPV.
Essa infecção é muito comum e não evolui para tumor na maioria das vezes. Porém, em alguns casos, ocorrem alterações que tornam as células malignas e, deste modo, propiciam o câncer. A doença geralmente é descoberta em exames preventivos, como papanicolau, e tem alta taxa de cura.
Tipos
O câncer de colo de útero é classificado a partir de sua aparência no microscópio.
A maioria dos casos é carcinoma de células escamosas, ou seja, se desenvolve a partir de células da parte externa do colo do útero que apresentam características escamosas. Normalmente originam-se na zona de encontro da parte interna e externa do corpo.
O restante dos casos de câncer no colo do útero costuma ser adenocarcinoma, que se desenvolve a partir de células glandulares localizadas na parte interna do órgão.
Menos comum, existe o tipo que combina características de carcinomas e adenocarcinomas, sendo chamado de carcinoma adenoescamoso ou carcinoma misto.
Estágios
- Estágio 0 ou carcinoma in situ: as células cancerígenas ainda estão na superfície do colo do útero;
- Estágio I: o câncer está no colo do útero, mas se mantém na região e não se espalha para fora do útero;
- Estágio II: invade os tecidos fora do útero, mas ainda não atinge as paredes da pelve ou a vagina;
- Estágio III: o câncer atinge a vagina e a parede da pelve, podendo bloquear a uretra;
- Estágio IV: se espalha para outras regiões do organismo, como bexiga, reto, pulmões ou fígado.
O que causa?
A principal causa de câncer de colo de útero é a infecção persistente pelo vírus do Papiloma Humano, conhecido popularmente como HPV. Alguns fatores de risco podem facilitar esse tipo de situação:
- Início precoce da atividade sexual;
- Múltiplos parceiros;
- Tabagismo;
- Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais;
- Má higiene.
Sintomas de câncer de colo de útero
O câncer de colo de útero, na maioria dos casos, tem desenvolvimento lento e pode não apresentar sintomas na fase inicial. As manifestações surgem em casos mais avançados e as mais comuns são:
- Sangramento vaginal intermitente
- Sangramento após relação sexual
- Corrimento vaginal anormal
- Dor abdominal
- Queixas urinárias e intestinais
Diagnóstico
Preventivamente e ao sinal de qualquer um dos sintomas, deve-se procurar um ginecologista. O diagnóstico é obtido por meio dos seguintes exames:
Exame pélvico e histórico clínico
Usa-se um espéculo – instrumento usado para dilatar a vagina – para visualizar a vagina e o colo do útero. Além disso, pode haver avaliação com toque vaginal e toque retal.
Exame preventivo
Papanicolau, exame que possibilita visualizar o colo do útero e retirar uma amostra do muco da região, a qual é analisada em laboratório.
Colposcopia
Analisa a vagina e o colo do útero usando um aparelho chamado colposcópio, capaz de detectar anormalidades.
Biópsia
Caso células anormais sejam detectadas nos outros exames, uma biópsia é necessária. Ela retira uma pequena amostra de tecido para análise no microscópio.
Como tratar câncer de colo de útero?
O tratamento para cada caso de câncer de colo de útero deve ser avaliado e orientado por um médico especialista, ginecologista e/ou oncologista, dependendo da evolução do quadro.
As opções incluem:
Cirurgia
Diferentes tipos de cirurgia são usados para diagnosticar o câncer, determinar qual é a evolução do mesmo e propriamente tratá-lo. Os tipos mais praticados são:
Criocirurgia: uma sonda de metal fria é colocada diretamente no colo do útero, congelando as células anormais. O procedimento pode ser feito em um consultório médico;
Cirurgia a laser: um raio laser é usado para queimar as células anormais ou remover uma parte para biópsia. O procedimento pode ser feito em um consultório médico;
Histerectomia simples: este procedimento remove o útero. Geralmente, os ovários e as trompas permanecem.
Histerectomia radical: além de remover o útero, retira também os ligamentos e a parte da vagina próxima do colo do útero. Neste caso, os ovários e trompas também permanecem.
Radioterapia
A radioterapia usa raios x de alta frequência ou partículas radioativas para matar as células cancerígenas. Pode ser utilizada como:
Parte do tratamento principal: para algumas fases do câncer de colo do útero prefere-se o tratamento por meio da radioterapia depois ou antes da cirurgia. Para outros estágios, a radioterapia é administrada junto da quimioterapia, pois a segunda ajuda a radiação a funcionar melhor;
Para tratamento secundário: pode ser usada para tratar e controlar cânceres que retornaram após o tratamento e se espalharam para outros órgãos ou tecidos.
Quimioterapia
A quimioterapia utiliza medicamentos injetados diretamente na veia ou por via oral. Como as drogas atingem todas as áreas do corpo, são mais eficazes para matar as células cancerígenas. A quimioterapia é administrada, geralmente, em ciclos, sendo que cada um é seguido por um período de recuperação.
Imunoterapia
A imunoterapia visa o uso de medicamentos para estimular o sistema imunológico do paciente a reconhecer e destruir as células cancerígenas.
Prognóstico
O câncer de colo de útero, quando diagnosticado precocemente ou em fase não invasiva, possui altas taxas de cura.
Contudo, a doença pode causar alguns problemas quanto à fertilidade e à sexualidade da mulher. Por isso, é de extrema importância uma boa comunicação com o médico durante todo o tratamento.
É possível prevenir?
A prevenção contra o câncer de colo de útero está diretamente relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV. Por isso, é possível prevenir-se efetivamente com as seguintes ações:
Vacina
A vacina tetravalente contra o HPV, oferecida para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos gratuitamente pelo governo, protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. A imunização ocorre em três doses e também pode ser encontrada em clínicas particulares e centros médicos por, em média, R$200 cada dose.
Exame preventivo
Mesmo as mulheres vacinadas devem fazer o exame preventivo Papanicolau periodicamente a partir dos 25 anos, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos do HPV.
O exame é capaz de detectar lesões na área acometida pela infecção precocemente, antes mesmo de apresentar sintomas. Por esse motivo é tão importante e deve ser feito anualmente.
Preservativo
O contágio pelo HPV pode ser evitado parcialmente por meio do uso de preservativo, sendo camisinha feminina ou masculina. Contudo, o contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal também podem transmitir a infecção.
Não tabagismo
A doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados, portanto, o ato de não fumar previne efetivamente não só o câncer de colo de útero, mas outros tipos de câncer também.
Por fim, a prevenção é sempre o melhor caminho. Ao perceber ou sentir qualquer alteração ou sintoma, procure um profissional da área o mais breve possível.
Fontes
Instituto Nacional de Câncer. Câncer de colo de útero. Disponível em: www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero
Biblioteca Virtual em Saúde. Câncer de colo de útero. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/990-cancer-do-colo-de-utero
American Cancer Society. Cervical Cancer. Disponível em: www.cancer.org/cancer/cervical-cancer.html