Violência obstétrica: o que é e como identificar?

Atualizado em 10 de abril de 2019

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POR Amanda Grecco

Violência obstétrica é o nome que se dá a todo e qualquer tipo de violência praticada contra a mulher no momento do parto.

Segundo a enfermeira obstetriz Aline Tarraga, existem muitos tipos de violência obstétrica, e alguns são bem fáceis de identificar — principalmente os mais explícitos.

“Geralmente, eles ocorrem quando o médico faz uso de palavras maldosas ou tem atitudes desrespeitosas. Há relatos até mesmo de profissionais que partiram para a violência psicológica ou até física durante o parto”, explica a enfermeira.

Números da violência obstétrica no Brasil

Para ela, no entanto, os casos de violência obstétrica mais comuns são aqueles que são mais difíceis de identificar. Seja por falta de informação ou porque o abuso se dá de forma velada, fato é que levantamentos recentes mostram que cada vez mais mulheres estão denunciando episódios que aconteceram com elas.

Pesquisa realizada em 2011 pela Fundação Perseu Abramo, por exemplo, constatou que 25% das brasileiras que são mães já relataram ter sofrido algum tipo de abuso ou maus tratos durante a assistência ao parto. Assustador, não?

O problema é que este número deve ser ainda maior, já que muitas mulheres sequer conhecem a natureza deste tipo de violência e, por isso, não conseguem identificar um caso de abuso no momento do parto.

Outros tipos de violência obstétrica, e que geralmente são difíceis de identificar, quase sempre consistem na insistência em procedimentos e intervenções desnecessários, como:

  • Toques excessivos, desrespeitosos e/ou inadequados no corpo da mulher;
  • Desrespeito ao tempo natural tanto da mãe quanto do bebê;
  • Limitar a mobilidade da parturiente;
  • Não permitir o acompanhante da escolha da mulher no momento do parto;
  • Não prezar por um ambiente tranquilo no parto;
  • Insistir para que a mulher opte por cesárea e desista do parto normal;
  • Fazer uma cesariana sem a autorização da mãe, alegando uma “emergência” ou “necessidade de última hora”;
  • Não fornecer informações corretas que sejam do interesse da parturiente;
  • Realizar qualquer tipo de procedimento sem a informação e o consentimento da mulher.

Como identificar violência obstétrica?

Abaixo, nós separamos abaixo algumas informações muito importantes sobre os procedimentos desnecessários mais comuns no momento do parto. Isso poderá ajudar a identificar um possível caso de violência obstétrica. Veja:

  • Lavagem intestinal: é desagradável e desnecessária, já que durante o trabalho de parto você esvaziará seu intestino naturalmente;
  • Raspagem dos pelos íntimos: não é preciso fazer nem em casa, nem quando chegar à maternidade. Seus pelos são uma proteção natural para a vagina e não há necessidade alguma de removê-los no momento do parto normal ou da cesariana;
  • Romper a bolsa: rompimento artificial da bolsa aumenta os riscos de infecção e problemas com o cordão umbilical do bebê;
  • Administração de soro com ocitocina: torna as contrações mais incômodas e dificulta sua movimentação;
  • Episiotomia: é uma incisão feita na vagina para ampliar o canal do parto, mas nem sempre ela é necessária. Pior: pode causar dor e desconforto após o parto e até aumentar os riscos de infecção.

Como se prevenir de uma experiência ruim durante o parto?

De acordo com a profissional, a gestante pode buscar informações consistentes, grupos de apoio da área e equipes que apresentem afinidade com as escolhas da mulher.

Conhecer mais sobre parto humanizado e ouvir as experiências de outras mulheres que passaram por violência obstétrica também ajudam a prevenir experiências ruins durante o parto.