Parto cesárea: quando ele é realmente indicado?

Atualizado em 23 de setembro de 2020

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POR Amanda Grecco

O parto cesárea é um procedimento cirúrgico realizado em alternativa ao parto normal para retirar o bebê do útero. É realizado um corte no abdômen e outro no útero para abrir o espaço pelo qual o médico irá puxar o neném.

Segundo dados mais recentes do Ministério da Saúde, divulgados no ano passado, mais da metade dos partos realizados no país na rede pública em 2015 foram cesáreas (55,5%). O levantamento ressalta, ainda, que foi a primeira vez em anos que esse número sofreu queda, enquanto que o de partos normais subiu.

Na rede privada, porém, a realidade é outra: cerca de 80% do total de partos realizados foram cesáreas em 2016.

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Apesar da discrepância nos números, o parto cesárea é maioria em todo o país, independentemente das condições socioeconômicas das parturientes, e isso pode ser explicado por uma série de razões.

Uma das principais razões é o medo que muitas mulheres sentem das dores do parto normal. Outro que também influencia diretamente no alto número é a prática recorrente de médicos em insistir para as futuras mães optarem por agendar uma data para o nascimento, ignorando os inúmeros benefícios que o parto vaginal proporciona.

Quando o parto cesárea é indicado?

É fato que a cesárea pode ser imprescindível para resguardar a vida da mãe e do bebê em determinadas situações, principalmente de emergência.

Geralmente, o parto cesárea é indicado para situações em que a mãe, o bebê ou ambos estejam correndo risco de vida. Nessas circunstâncias, talvez seja necessário adiantar o nascimento.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as indicações médicas para a cesárea variam, em média, de 10% a 15% do total de casos.

Entretanto, cada vez mais se entende que a cesárea não se trata de uma opção de parto, e sim de uma cirurgia invasiva. Como tal, ela pode apresentar riscos para a mulher e para o bebê se for realizada sem necessidade — o que acostuma acontecer.

Segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), os índices das principais maternidades de São Paulo apontam que cesáreas desnecessárias ocorrem com muito mais frequência do que deveriam.

Alguns hospitais, por exemplo, chegam a ter 96% do total de partos realizados por meio de cesáreas. Outros têm índices semelhantes, como 93 e 92%.

Alternativas para a gestante

De acordo com a enfermeira obstetriz Aline, nosso sistema de saúde apresenta algumas falhas que abrem espaço para este cenário se consolidar.

A principal delas é a má remuneração dos convênios para o parto normal, que demanda do profissional uma disponibilidade não condizente com o seu retorno financeiro. Isso acaba tornando a cesárea muito mais interessante, porque é um procedimento que pode ser agendado e que é mais rápido que o parto normal.

Mas Aline ressalta que a gestante não deve ficar refém desta situação, e que há alternativas caso deseje optar pelo parto normal e seus benefícios.

“Enfermeiras obstetras, obstetrizes e parteiras são extremamente qualificadas para atender gestantes”, explica ela.

“No caso de uma mulher com gestação de risco habitual, ou seja, com tudo dentro da normalidade, o risco de ocorrerem intervenções desnecessárias, sob a responsabilidade de um médico, é muito grande, pois eles estão treinados para lidar com problemas sérios e executarem intervenções mais agressivas”.