Treinamento de endurance e consumo de oxigênio

Atualizado em 23 de janeiro de 2018

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POR Redação

De acordo com Weineck (1991), resistência pode ser definida como a capacidade psicofísica do indivíduo resistir à fadiga, podendo manifestar-se sob a forma de resistência muscular localizada e geral; aeróbia ou anaeróbia, de curta, média e longa duração; resistência de força, resistência de força rápida e resistência de velocidade. Já o termo endurance, que é amplamente utilizado, significa a capacidade de resistência aeróbia de longa duração, ou seja, a capacidade de manter contrações musculares por um período de tempo prolongado.

O treinamento de endurance permite um aumento de 2 a 3 vezes no número, tamanho e superfície das mitocôndrias e, paralelo a isso, ocorre um aumento das enzimas do ciclo cítrico a da cadeia respiratória. McArdle et al., (1996) afirmam que o treinamento de endurance aprimora muito as capacidades funcionais relacionadas ao transporte de oxigênio. Com o treinamento aeróbio, as mitocôndrias do músculo esquelético treinado exibem uma capacidade substancialmente maior de gerar ATP aerobicamente por fosforilação oxidativa.

E com esse aumento na capacidade de captação de oxigênio pelas mitocôndrias, pode-se observar um aumento tanto no tamanho quanto no número de mitocôndrias bem como uma duplicação potencial no nível de atividade das enzimas do sistema aeróbio. Essas alterações podem ser de extrema importância no sentido de sustentar um alto percentual de capacidade aeróbia durante um exercício prolongado.

O treinamento contínuo executado por uma hora ou mais é comum entre trotadores (joggers) e outros entusiastas da aptidão física, assim como entre atletas competitivos de endurance. Uma das vantagens do treinamento contínuo está no fato de permitir que o atleta treine quase com a mesma intensidade da competição real. Como o recrutamento das unidades motoras apropriadas depende da intensidade do esforço, o treinamento contínuo pode ser mais adequado para atleta de endurance, em termos de adaptações em nível celular.

Este fato contrasta com o treinamento intervalado, que pode impor um estresse desproporcional às fibras musculares de contração rápida sendo que estas não são as mesmas recrutadas predominantemente na competição de endurance. O treinamento de endurance, visando a melhora da capacidade aeróbia, é geralmente realizado com cargas de trabalho superiores a 60% do consumo máximo de oxigênio (VO2máx) que pode ser definido como a quantidade de oxigênio que pode ser absorvido e utilizado pelo corpo durante exercícios intensos. Um alto consumo de oxigênio é pré-requisito para o sucesso em atividades físicas de média e longa duração.

O treinamento de endurance é caracterizado pelo alto volume (tempo e repetições) e baixa intensidade (carga) de trabalho, o que possibilita a melhora no desempenho em provas de longa duração, porém com baixa margem de efeito na flexibilidade muscular e na potência aeróbia. Em contra partida, o treinamento de resistência de força que é caracterizado pela alta intensidade e baixo volume de trabalho, possibilita um melhor desempenho na potência anaeróbia, mas com baixa margem de efeito em nível de endurance.

Portanto, parece ilógico, na visão de alguns pesquisadores, a prescrição de treinamento de resistência de força em atletas que buscam somente a melhora da endurance, pois, segundo os mesmos, esta prescrição infringe os princípios do treinamento físico específico. No entanto, a relação entre o treinamento de resistência de força e a melhora na performance em provas de endurance ainda parece ser bastante discutível em razão de que outros pesquisadores consideram este método de treinamento apropriado.

De acordo com De Vito et al. (1995) os programas de exercícios deveriam simular a modalidade do atleta, por exemplo, um nadador deveria nadar, um ciclista pedalar e um maratonista correr. Estes pesquisadores ainda salientam que, no treinamento de endurance é mais efetivo adotar métodos específicos de treinamento, que consistam em competições simuladas que reproduzam a mesma resposta fisiológica da prova ou competição real.

Já para Sleivert & Rowlands (1996), para um bom desempenho em provas de endurance é necessário um alto nível de VO2máx, gestos técnicos precisos visando a economia de energia no movimento e um alto limiar anaeróbico e de lactato. A determinação desses critérios por meio de testes específicos e fidedignos realizados em laboratórios permite a avaliação e prescrição do treinamento de forma mais adequada.