Exercício físico e Síndrome de Down: qual é a importância?

Atualizado em 21 de março de 2019

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POR Redação

Em 21 de março é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. A efeméride foi instituída em 2005 pela Associação Francesa de Pesquisa sobre Trissomia 21, nome pelo qual a condição também é conhecida e que levou à escolha da data (21/03 ou 03/21, este último nos Estados Unidos).

A condição, causada pela presença parcial ou total de uma terceira cópia do cromossomo 21, é o distúrbio cromossômico mais comum. A cada ano nascem aproximadamente 6 mil bebês que a portam, aproximadamente 1 a cada 700 nascimentos, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC).

Ainda de acordo com o CDC, entre 1979 e 2003, o número de bebês nascidos com Síndrome de Down aumentou aproximadamente 30%, o que faz com que o conhecimento sobre a condição e suas formas de tratamento sejam cada vez mais importantes.

Felizmente, a realização de exercícios físicos pode fazer com que a saúde e a qualidade de vida de seus portadores melhorem muito. Entenda quais são os benefícios que podem ser proporcionados.

Por que os exercícios físicos ajudam portadores de Síndrome de Down?

As consequências de uma vida sedentária aparecem ter ainda mais intensidade quando se trata dos portadores de Síndrome de Down.

O relatório “Exercise in People with Down Syndrome”, elaborado por Kyle Yost, doutor de medicina osteopática e residente em medicina da família no Advocate Lutheran General Hospital, em Illinois (EUA), e divulgado em maio de 2017, ajuda a entender melhor essa questão.

De acordo com Yost, as pessoas com Down possuem maiores riscos de se tornarem obesas quando comparadas às que não a possuem, o que pode ser parcialmente explicado pela falta de atividades físicas.

Ele também afirma que indivíduos com Síndrome de Down possuem maior prevalência de fraqueza muscular, baixa densidade óssea e anormalidades cardíacas estruturais.

A obesidade é um assunto relevante para essa parcela da população porque está associada com diversas condições de saúde, como apneia do sono e diabetes tipo 2, o que coloca os exercícios em uma posição ainda mais importante.

Pessoas com deficiências intelectuais possuem níveis baixos de pico de consumo de oxigênio, também chamado de VO2 máximo, bem como de capacidade de trabalho, que mede o limite de exercícios a que eles podem se submeter. Esses níveis são ainda mais baixos em quem tem Síndrome de Down.

De acordo com o estudo “Physical fitness predicts functional tasks in individuals with Down syndrome”, públicado na “Medicine and Science in Sports and Exercise”, adolescentes e adultos jovens com a condição possuem capacidade aeróbica reduzida em comparação a pessoas com mais de 60 anos que não a apresentam.

Benefícios das atividades físicas para portadores de Síndrome de Down

Há vários benefícios dos exercícios físicos para portadores da condição, como os seguintes:

  • Melhoria da função e da eficiência do miocárdio, que é o músculo do coração;
  • Redução da resistência da insulina, o que alguns estudos sugerem que pode estar relacionado a doença de Alzheimer;
  • Redução dos níveis de colesterol e de gordura armazenada no corpo;
  • Diminuição dos riscos de desenvolvimento de diabetes mellitus e doenças cardíacas.

O estudo também mostra que a dieta possui papel determinante para a saúde, já que apenas se exercitar pode não surtir os efeitos desejados se a alimentação não for adequada.

Geralmente, portadores de Síndrome de Down consomem mais calorias do que precisam, o que pode fazer com que eles desenvolvam sobrepeso e tenham maior chance de ter complicações dele.

Algumas estratégias para ajudar no tratamento e na prevenção da obesidade são reduzir as porções de alimentos, evitar guloseimas e aumentar o consumo de fibras, frutas e vegetais, bem como incluir o portador de Síndrome de Down no processo de preparação dos alimentos em casa.

Melhores exercícios físicos para portadores de Síndrome de Down

Praticamente todos os tipos de exercício, com objetivo de fortalecimento muscular e cardiovascular, bem como aqueles que visam melhorar o equilíbrio. Cada um possui sua importância para o desenvolvimento de melhores níveis de saúde.

Antes disso, o primeiro passo é levar o portador de Síndrome de Down a uma consulta médica com o cardiologista, que solicitará a realização dos exames necessários para averiguar as condições de saúde cardíaca, assim como ocorre com todos que querem começar a se exercitar.

Esse é um ponto fundamental, já que nem sempre se sabe quando há a presença de alguma doença cardíaca, não apenas no caso dos portadores da síndrome como também nas pessoas que não a apresentam.

Os exames mais comuns são eletrocardiograma (detecção de problemas cardíacos atuais ou anteriores), hemograma (presença de infecções ou anemias) e teste ergométrico (diagnóstico de doenças cardiovasculares, resistência física e possível presença de arritmias).

A partir do momento que tais exames forem realizados, deve-se retornar ao cardiologista para apresentar os resultados. Mediante sua análise, o profissional informará se existe alguma limitação ou não em relação ao treinamento.

O ideal é que se inicie com exercícios mais leves, de modo que o sistema cardiorrespiratório e a resistência física melhorem gradualmente e, assim, seja possível realizar outros tipos de movimentos.

As academias ao ar livre, como as encontradas em praças e parques, possuem aparelhos que podem ser utilizados pelos portadores de Síndrome de Down.

Alguns dos melhores equipamentos para tal finalidade são:

  • Remada sentada
  • Simulador de caminhada
  • Cavalgada
  • Simulador de esqui
  • Pressão de pernas

Caso o portador de Síndrome de Down precise de ajuda para a realização dos exercícios, é recomendável que um amigo ou parente o acompanhe. Assim, a atividade será feita com total segurança e trará os resultados esperados à sua saúde.