Cirurgia íntima: tipos, indicações, como é feita e riscos

Cirurgias íntimas são procedimentos feitos para melhorar a aparência ou a funcionalidade de órgãos genitais tanto de homens quanto de mulheres. O método tem ganhado fama no Brasil: segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), 25 mulheres foram submetidas à cirurgia genital somente em 2016.

Antes de optar pelo procedimento, é importante entender a real necessidade dele, que deve ter como propósito principal melhorar a autoestima e evitar possíveis incômodos que possam haver na relação sexual.

O que é a cirurgia íntima?

É um procedimento cirúrgico de harmonização e reparação da anatomia genital e tecidos ao redor, visando a melhora estética da região.

Essa uma região envelhece com o tempo, altera-se e também pode ser tratada, contribuindo para melhora da autoestima das pessoas.

Pode ser feita tanto em homens quanto em mulheres?

“Pode. É mais comum nas mulheres, devido à procura e também por haver mais tipos de cirurgias plásticas capazes de melhorar a estética genital feminina”, explica o cirurgião plástico André Colaneri.

É aplicável em mulheres que apresentam algum tipo de alteração vaginal, pubiana ou perineal, decorrentes de partos vaginais traumáticos, assim como decorrentes de ganho ou perda de peso extrema, ou mesmo variações anatômicas congênitas ou de desenvolvimento e até mesmo rejuvenescimento genital.

Em homens visa correção das proporções entre bolsa escrotal, pênis, gordura púbica, além de aumento ou alinhamento da curvatura ou correções do prepúcio por alterações congênitas ou adquiridas.

Tipos de cirurgias íntimas femininas

Lipoescultura de monte púbico

O monte púbico, também chamado de monte de Vênus é a gordurinha que fica na parte de cima púbis. Quem deseja mudar seu tamanho pode se submeter a uma lipoescultura, cirurgia que retira ou enxerta gordura na região – o segundo caso é mais comum em distrofias, como cicatrizes.

Lifting da região púbica

É semelhante à abdominoplastia, no entanto se executa a elevação do tecido púbico com suturas de tecidos profundos e retirada de pele.

Plástica dos grandes lábios

Para volumização, faz-se preenchimento com gordura da própria paciente nos grandes lábios. Para redução do tamanho, é retirada pele de locais estratégicos ou feita lipoaspiração.

Ninfoplastia

É indicada nos casos de aumento, assimetria ou desproporção dos pequenos lábios, características que podem constranger algumas mulheres e até causar dor nas relações sexuais.

O procedimento gera remoção do excesso de pele dos pequenos lábios, deixando-os menores e simétricos.

Plastia de clitóris

Proporciona a diminuição do clitóris ou do prepúcio (tecido que o envolve) em casos de desenvolvimento excessivo da estrutura.

Hímenoplastia

Consiste na reparação do hímen, membrana que é popularmente ligada à virgindade. É indicada para pacientes que sofreram abusos sexuais ou os que sofrem pressões religiosas devido à questão da virgindade.

Perineoplastia

Geralmente realizada em mulheres que sofreram laceração da musculatura da vagina, visa a reconstruir o órgão, tratando inclusive casos de bexiga caída e incontinência urinária.

Implante capilar

É indicada na área genital em caso de perdas dos pelos por cicatrizes, queimaduras ou outros fatores.

Cirurgia genital em homens

Lipoescultura da região púbica

É a retirada da gordura acima e lateralmente ao pênis com objetivo de expor a parte mais proximal do pênis, que eventualmente esteja encoberta por excesso de tecido adiposo.

Dermolipectomia abdominal ou retirada de pele supra-púbica

Remove os excessos de pele que encobrem o genital e reposiciona os tecidos pubianos com suturas específicas, proporcionando aspecto mais anatômico.

Secção do ligamento suspensor do pênis

Altera a posição peniana, gerando aspecto visual de alongamento do pênis.

Plástica da bolsa escrotal

Retirada dos excessos de pele para determinar um aspecto mais jovial e equilibrar com o comprimento do pênis.

Postectomia

É o tratamento cirúrgico da fimose, condição que gera incapacidade de retrair o prepúcio.

Tratamento cirúrgico da curvatura excessiva do pênis

Em casos mais graves, como doença de Peyronie, são realizadas incisões no tecido e inclusão de substitutos sintéticos para alongar o lado mais curvo.

Scrotox

Aplicação de toxina botulínica na bolsa escrotal para torná-la mais lisa.

Procedimentos complementares

Bioplastia genital

Procedimento ambulatorial que utiliza anestesia local e consiste na injeção de substâncias biocompatíveis na genitália para proporcionar melhorar o padrão estético.

É muito utilizada nos casos de atrofia dos grandes lábios ou resolução dos quadros de flacidez. Também pode ser feita para aumento do diâmetro do pênis, porém nesse caso há risco elevado de complicações.

Peeling genital e anal

Promove a renovação da pele por meio de tratamentos químicos locais, melhorando a elasticidade tecidual e podendo ainda clarear a área genital.

Como é feita a cirurgia íntima?

Os procedimentos são realizados em clinica ou centro cirúrgico sob anestesia local, peridural ou raquianestesia, associadas ou não à sedação ou à anestesia geral.

Eventualmente, se faz necessária associação de procedimentos, dependendo das queixas do paciente e das alterações constatadas no exame físico.

Em casos de alterações graves, a cirurgias são realizadas com equipe multidisciplinar, incluindo cirurgião plástico, urologista ou ginecologista.

Como funciona o pós-operatório?

O pós-operatório sempre requer cuidados específicos para que não ocorram complicações. No geral, a pessoa precisa de repouso relativo nos primeiros sete dias.

Atividades físicas

É possível andar a partir do primeiro dia com auxílio de pessoas ou muletas, fazer exercícios em academia após 30 a 90 dias, dependendo da extensão da cirurgia, e dirigir veículos depois de 30 dias da operação.

Relações sexuais

Em geral, a pessoa pode ter relações sexuais 45 dias depois do procedimento ou após o exame clínico confirmar a maturidade da cicatriz.

Sensibilidade

A dor no pós-operatório é moderada e responde bem a analgésicos convencionais.

Banho e uso do banheiro

Banho é permitido no dia seguinte da operação, desde que sentado.

Recomenda-se sempre lavar a região após realizar as necessidades fisiológicas, evitando inicialmente o uso de papel higiênico.

Em casos de menstruação, as mulheres devem evitar o uso de absorventes internos nos primeiros 30 dias.

Vestuário

Pode ser necessário o uso de cinta elástica pós-operatória ou interrupção do uso de roupa íntima por três dias.

Antes e depois: em quanto tempo surge o resultado definitivo

O resultado definitivo surge por volta de seis meses depois da cirurgia íntima, porém a rápida cicatrização da região já deixa parte do resultado visível em dois meses.

Como fica a cicatriz?

As cicatrizes são um ponto comum entre as cirurgias íntimas e ocasionalmente são visíveis e podem ter aspecto inestético, dependendo dos cuidados pós-operatórios e cicatrização do paciente. Porém, o cirurgião plástico tenta sempre deixar as cicatrizes ocultas.

Contraindicações

As contraindicações são semelhantes a outras cirurgias plásticas.

Contraindicações absolutas para pessoas com:

  • Doenças crônicas descompensadas
  • Diabetes mellitus
  • Alterações de coagulação
  • Problemas pulmonares
  • Infecções de pele

Contraindicações relativas para pessoas com:

  • Hipertensão arterial
  • Doenças crônicas controladas
  • Tabagistas

Pacientes com doenças genitais não tratadas, lesões não investigadas e infecções ativas não devem se submeter ao tratamento antes de o quadro ser resolvido Gestantes ou lactantes também não podem se submeter a cirurgias íntimas.

Quais são os riscos?

A cirurgia íntima feminina é um procedimento de pequeno porte que é realizado rapidamente, por isso os riscos são reduzidos. Em geral, tem duração de uma a duas horas e o paciente recebe alta no mesmo dia. Nela, os principais riscos são infecção, abertura de pontos, sangramento e reações à anestesia.

Já o procedimento íntimo masculino é um pouco mais complicado e os riscos são de infecção e encurtamento peniano.

Quais profissionais fazem cirurgia íntima?

Os cirurgiões plásticos e ginecologistas estão aptos a operar, porém é fundamental procurar um especialista com experiência na área, visto que os procedimentos íntimos são de difícil correção caso a primeira cirurgia apresente resultado ruim.

 

Fontes

Cirurgião plástico Andre Colaneri, especialista em cirurgia íntima, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – CRM 87886

Cirurgiã plástica Fulvia Ricci, da clinica Dra. Nicolle Queiroz – CRM 66910/SP

Cirurgiã plástica Suzy Vieira,, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Suzy Vieira Plástica & Estética – CRM 92331/SP