Dieta low carb não deve eliminar carboidratos do dia a dia

Atualizado em 04 de outubro de 2018

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POR Gabriela Simionato

A redução de carboidratos na rotina tem sido uma das grandes chaves do emagrecimento rápido. E foi justamente por causa disso que a dieta low carb caiu no gosto do público, especialmente daqueles que querem perder peso rapidamente. No entanto, é preciso cuidado ao cortar drasticamente o carboidrato no dia a dia.

O Ativo Saúde consultou especialistas para entender os benefícios e cuidados que se deve ter com esse tipo de dieta. Confira abaixo as principais questões sobre a dieta low carb e descubra se ela é a ideal para você.

O que é a Dieta Low Carb?

Segundo especialistas, a dieta low carb pode variar entre o corte de 5 a 45% de carboidratos consumidos no dia a dia. Ou seja, ela não significa um corte de 100% do carboidrato, até porque isso seria extremamente maléfico ao organismo.

“O que todas elas têm em comum é que o principal nutriente da alimentação deve ser a proteína, obtida principalmente a partir do consumo de carnes, ovos e laticínios, seguida de gorduras boas para a saúde, como o azeite”, explica a nutróloga Ana Valéria Ramirez.

A dieta faz bem para a saúde?

A dieta low carb pode ser benéfica, especialmente para quem apresenta problemas de saúde. “Além da perda de peso, alguns estudos têm demonstrado melhora em alguns parâmetros de saúde, tais como perfil lipídico, ou seja, a relação LDL/HDL, e também no índice de triglicerídeos, além de glicemia e insulinemia”, alerta Mariana Maciel, nutricionista da rede de centros médicos Dr.Consulta.

Com diversos níveis de restrição de carboidratos, este tipo de dieta pode ainda ajudar a combater alguns sintomas. “Pode ser interessante para pessoas que apresentam síndrome metabólica, resistência à insulina, diabetes e excesso de peso. É fundamental que a alimentação seja validada e indicada por um médico especialista”, ressalta Ana.

Dieta low carb faz perder peso rápido?

Sim. De acordo com os especialistas, a dieta low carb é eficiente no emagrecimento por causa da eliminação do excesso de glicogênio estocado. No entanto, por ser severa, a restrição de carboidratos deve durar o menor tempo possível — e sempre sob a supervisão de um especialista.

“Ao desviar a obtenção de energia para o consumo de proteínas, pode ocorrer perda de massa muscular. Isso na balança até resulta em menos peso, mas, como o ideal é que se perca gordura, a simples perda de peso pela perda de massa magra acaba se tornando um emagrecimento não eficaz”, alerta Mariana.

Como suprir os carboidratos?

Na dieta low carb, a proteína é a chave de uma alimentação saudável e a chave para que o corpo tenha energia suficiente para encarar o dia.

Isabel Andrade, nutricionista da Venutri, ensina como construir o cardápio ao cortar os carboidratos. “Muitas pessoas aumentam as quantidades de proteína e gordura, que em excesso não são saudáveis e podem até ocasionar doenças renais e cardíacas. É por isso que batemos tanto na tecla de que é preciso sempre procurar orientação de um especialista antes de iniciar qualquer dieta”, explica ela.

A especialista ainda ressalta que o cardápio deve ser reajustado. “Os alimentos permitidos são vegetais, com exceção de alguns, como a abóbora. Carnes, verduras, leite e derivados também podem entrar na dieta”, diz.

“Mas devem ser excluídos do dia a dia cereais, como arroz e milho, alguns vegetais, tubérculos e qualquer alimento que contenha farinhas. Quanto ao consumo de alimentos fontes de gorduras, as melhores opções são: azeite de oliva, manteiga, óleo de coco e apenas óleos de origem natural”, alerta Isabel.

No caso de doces, é importante tomar cuidado com as frutas, pois elas podem elevar o índice glicêmico devido ao seu alto teor de frutose.

“Para melhorar isso, deve-se sempre consumir as frutas juntamente com uma fonte de fibras ou uma semente — a chia, por exemplo”.

Ela ainda recomenda que se escolha as frutas que possam ser consumidas junto com o bagaço, como é o caso da mexerica e da laranja.

“Entre outras opções estão o coco, o abacate, as frutas secas e as castanhas que, por serem ricas em gorduras boas, não elevam o índice glicêmico. A consulta com um nutricionista também é muito importante porque só ele poderá dizer por quanto tempo a pessoa deve seguir essa dieta”, explica Isabel.

Vegetarianos podem fazer a dieta low carb?

Sim. De acordo com Isabel, basta conduzir a dieta de uma forma que as fontes de proteínas para os vegetarianos sejam constituídas por vegetais, folhosos, grãos integrais, fungos, frutos secos e suplementação.

“A fonte da alimentação vegetariana na dieta low carb pode vir de gorduras boas do abacate, castanhas, nozes, óleo de coco e azeite de oliva. O açúcar de pães, bolos, bolachas, massas e grãos com glúten devem ser eliminados. O importante é suprir todas as necessidades do organismo com relação aos nutrientes necessários para evitar carências vitamínicas”, explica ela.

Como reintroduzir carboidratos na rotina?

Como dito anteriormente, a dieta low carb não prega a interrupção definitiva do consumo de carboidrato, mas sim uma diminuição. Da mesma forma, eles devem retornar à rotina depois de um tempo de dieta.

Sob supervisão de um especialista, é essencial que o carboidrato seja reintegrado à alimentação de forma gradual. “Normalmente, opta-se por alimentos integrais e de baixo índice glicêmico”, alerta Mariana.

O ideal, segundo ela, é que o paciente procure um especialista para calcular qual a quantidade de carboidrato que seu organismo precisa diariamente e trabalhar em cima deste número.

Cuidados essenciais

Por ser uma dieta restritiva, a dieta low carb deve ser executada com acompanhamento médico e nutricional. “É preciso uma avaliação muito minuciosa e a supervisão constante de um profissional de nutrição. Este tipo de dieta não é indicado para qualquer pessoa e nem por muito tempo, dependendo da restrição de carboidratos proposta”, analisa Mariana.

Caso tenha uma rotina de exercícios regrada, a dieta também não é recomendada, uma vez que os carboidratos são uma importante fonte de energia e sua diminuição no dia a dia pode prejudicar o desempenho esportivo.

Para os especialistas, o importante é que o paciente passe por uma reeducação alimentar muito mais do que por uma dieta restritiva. Caso contrário, todo o suposto emagrecimento e saúde adquiridos podem retornar após o fim da dieta.

“Seguir dietas com alta restrição de carboidratos pode provocar alguns sintomas desagradáveis, como tonturas, dor de cabeça, desidratação, fraqueza e intestino preso”, alerta Ana.

“Embora pareça vantajosa à primeira vista por causa da perda de peso mostrada na balança, é importante lembrar que essa redução é devido à grande eliminação de água”, completa a especialista.

Ela ainda explica que as restrições alimentares em si não levam a mudanças efetivas na qualidade da alimentação e à redução do peso. “Por isso, quando uma pessoa começa uma dieta que se baseia na restrição, das duas, uma: ou ela  desiste fácil da dieta ou, ao atingir o peso desejado, volta a ganhar todo o peso perdido novamente, já que não houve uma reeducação alimentar”, argumenta.

“Vale lembrar que a restrição e a exclusão de alimentos levam à fissura alimentar que pode acarretar até mesmo em episódios compulsivos no futuro. Este quadro é muito sério e pode trazer consequências para a motivação e para a autopercepção do corpo, além de impactar no humor”, finaliza Ana.