Relação entre genes e câncer permite evolução no tratamento

Atualizado em 11 de novembro de 2019

Por: Dr. Artur Malzyner

ONCOLOGISTA | CRM 20456

Colaboração de Natalia Fernandes Garcia de Carvalho, mestre em Ciências

Todo câncer tem origem em modificações do código genético de pelo menos uma célula de algum órgão, o que leva ao descontrole da proliferação celular e facilita a disseminação para outros órgãos.

A maioria dos tumores malignos se origina de alterações aleatórias ou provocadas por substâncias químicas, radiações ou vírus sobre o código genético. Talvez, 5% a 10% são herdadas de seus ancestrais, constituindo tumores hereditários.

O DNA, inicialmente descrito por Watson e Crick em 1953 e que lhes fez deu o prêmio Nobel de Medicina, tem sido a base inequívoca de tudo quanto conhecemos hoje sobre quase todas as funções celulares e heranças. Ele é, em última análise, o determinante da transferência de um gene, seja ele sadio ou não, dos pais para seu herdeiro.

O DNA é o constituinte químico dos genes que tem como função produzir proteínas que vão desencadear funções vitais nas células, tais como utilização de energia, respiração celular, ativação e desativação de genes de outros sistemas. Em outras palavras, o DNA controla todas as funções celulares e, desde seu descobrimento, tem sido objeto de estudo por diversos pesquisadores a fim de compreender como é capaz de controlar as atividades celulares a partir da ativação dos genes e sua dinâmica entre eles.

No início do século XXI, o Projeto Genoma Humano foi criado com o intuito de mapear todo o genoma dos seres humanos. Ele contou com a participação de diversos laboratórios e centros de pesquisa em todo o mundo, inclusive muitos no Brasil. Por meio do projeto, foi possível conhecer todos os genes humanos e, atualmente, o foco da pesquisa é compreender como as proteínas produzidas a partir desses genes atuam no organismo.

Muitas das observações feitas no decorrer do projeto permitiram a identificação de mutações ocasionadas pela evolução dos tumores, que foram reunidas no Atlas das Proteínas Humanas, o qual também evidenciou como milhares de modificações das atividades gênicas, associadas a 17 dos principais tipos de câncer, atuam sobre a produção de mais ou menos proteínas, influenciando o metabolismo das células e modificando consequentemente a evolução e o prognóstico de cada caso.

O conhecimento desses mecanismos também auxiliaram pesquisadores e médicos a selecionarem o melhor tratamento e permitirem o desenvolvimento de novas ferramentas para diagnóstico precoce e medicamentos, além da redução da toxicidade.

Menos de 70 anos após o desenvolvimento do conceito e desenho molecular do DNA, a medicina hoje avança célere no reconhecimento dos possíveis mecanismos de controle e tratamento molecular do câncer, bem como da inibição das transformações que levam à doença.

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