Maternidade e seus aspectos paradoxais: entenda

Você vai descobrir o quanto é imperfeita, mas também vai descobrir que maternidade nunca foi (e jamais será) sobre perfeição.

(URIAS, 2017, p. 39).

 

Depois que me tornei mãe, percebi o quão paradoxal pode ser a maternidade. A medida que vamos convivendo com um serzinho tão dependente de nós, torna-se possível nos apropriarmos do quão trabalhoso é isso e, assim, vai caindo por terra tudo aquilo que a mídia vende sobre ser mãe.

Experimente assistir a um comercial dessas marcas famosas de produtos para bebês: você se deparará com mães e bebês bastante tranquilos e um ambiente de paz que toma conta da cena. Longe de mim afirmar que essa paz não é possível, mas fica presente a sensação de que estamos livres do trabalho (e que baita trabalho!) que realmente temos. Noites em claro, choros intermináveis, cólicas de doer o coração de uma mãe, enfim…

É claro que é tudo de bom ser mãe e é por isso que muitas vezes esse papel se torna tão paradoxal.

Maternidade paradoxal

É paradoxal porque, ao mesmo tempo que ficamos impacientes e torcemos para o bebê dormir logo, vem o “apaixonamento” que temos por aquele serzinho e somos capazes de ficar horas ali velando e namorando o seu sono.

É paradoxal porque ao mesmo tempo que precisamos de descanso, quando temos essa possibilidade, queremos voltar à rotina com nossos pacotinhos tão amados. É paradoxal pois, ao mesmo tempo que punimos, queremos ser o colo de conforto. Ao mesmo tempo que queremos estar longe, quando estamos, desejamos estar perto. Ao mesmo tempo que somos impacientes, nos incomodamos com a impaciência dos outros com os nossos filhos.

E nos cobramos: nos cobramos muito para sermos a mãe perfeita, a que tivemos ou a que idealizamos que, apesar de todas as dificuldades, dá conta de tudo sem deixar a peteca cair.

Nos decepcionamos com a própria maternidade pois esbarramos (em nós mesmas) com uma mãe imperfeita, que certamente faz o que pode mas se atrapalha no horário da escola, no tempo da mamada, em quando precisa fazer mais papinha e que adormece junto com seu filho ao invés de fazer as coisas da casa, já que sobrou um tempinho.

 

Pés de bebê segurados pela mãe.

Liudmila Fadzeyeva/Shutterstock

“A melhor mãe que nosso filho pode ter”

Nos esbarramos com essa mãe e não com aquela que idealizamos, não com aquela que nós e os outros esperam. Isso torna a difícil tarefa de ser mãe um tanto quanto mais pesada, pois a maternidade envolve muitos outros aspectos além da perfeição.

Mas se você, minha leitora mãe, puder compreender que é exatamente dessa mãe única e imperfeita que seu filho precisa, será mais fácil assimilar que a maternidade nunca foi nem e nunca será sobre perfeição, mas sim sobre amor, muito amor.

Ninguém nasce sabendo ser mãe, mas com vontade e dedicação a gente aprende a ser a melhor mãe que nosso filho pode ter. (URIAS, 2017, p.40).

 

Referência Bibliográfica

URIAS, A. Muito Além da Maternidade. 1ª ed., Recife: Much editora, 2017.

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