Fumantes passivos sofrem danos à saúde tanto quanto ativos

Muitas foram as críticas a respeito da proibição do tabaco em locais públicos. Em geral, as alegações eram de que tal atitude infringia o direito à liberdade humana. O que se desconhece é que tal medida foi alicerçada em inúmeros estudos que mostram o grande impacto do cigarro sobre a Saúde Pública, com malefícios para a população usuária e também para os fumantes passivos.

Você sabia que uma hora de exposição passiva ao tabaco equivale a fumar ¼ de maço de cigarros? Agora, multiplique isso por horas de inalação, como o que pode acontecer com quem mora com um tabagista ou trabalha, por exemplo, num recinto fechado, sem proibição do fumo. Não seria esta também uma imposição à liberdade? Qual é o meu direito de impor algo que prejudique a saúde de meu semelhante?

Malefícios do fumo passivo

O prejuízo do tabaco à saúde deve-se a seguinte fisiopatologia: ele libera vários compostos nocivos que passivamente vão para a circulação sanguínea, alterando funções metabólicas normais. O monóxido de carbono, por exemplo, um dos principais resíduos, se liga rapidamente à hemoglobina, que deveria estar ligada ao oxigênio, para cumprir sua função de oxigenação dos tecidos, vital para nosso organismo.

O resultado não poderia ser outro: desvitalização orgânica, com inúmeros prejuízos relacionados ao envelhecimento precoce, divisão celular anormal (por ação negativa no DNA) e problemas respiratórios de toda natureza.

Em gestantes que são fumantes passivas ou ativas, há aumento das taxas de abortamento, prematuridade, baixo peso fetal, placenta previa, morte súbita do recém-nascido e aumento significativo da morbimortalidade.

Em pessoas da terceira-idade, está relacionado a problemas respiratórios crônicos, problemas cardiovasculares, aumento da incidência de cânceres, envelhecimento precoce, entre outros.

 

Tabagismo em números.

Divulgação/Inca

Não tenho como pretensão mudar os hábitos enraizados dos tabagistas, ainda que fortemente aconselhe meus pacientes a buscar os inúmeros recursos oferecidos atualmente pela Medicina: psicoterapia cognitiva, uso de antidepressivos específicos, adesivos de nicotina, acupuntura etc.

Apenas peço que, ao acender um cigarro, tenham a fineza de não prejudicar quem está a sua volta. Afinal, como diz Simone de Beauvoir: “O homem é livre; mas ele encontra a lei na sua própria liberdade”.

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