Fé como recurso de cura para uma vida com sentido

Diante da vida corrida e puxada da contemporaneidade, me deparo frequentemente com os seguintes questionamentos: como obter cura ou equilíbrio emocional sem necessariamente partir para o uso de medicações e lidar com um tempo e um espaço que se configuram cada vez mais individualistas? Só mesmo muita fé para não se deixar abalar! Isso mesmo… muita fé!

Fé, aqui, eu me refiro não necessariamente a um estado religioso, mas sim à habilidade de acreditar em algo que faz sentido na vida, o que nos fortalece para que consigamos lidar com as feridas cotidianas que nos machucam tanto.

Fé x falta de sentido

Aliás, aprendi com uma professora de faculdade (cujo créditos estão no final deste texto) a brincar com a palavra “ferida”. Se a separarmos e tirarmos a letra “r”, temos “fe ida”, ou seja, a ida da fé.

Assim, podemos pensar que nossas feridas estão diretamente relacionadas com a diminuição ou ausência de fé e a falta de sentido, as quais frequentemente nem percebemos ou relacionamos uma à outra. Vamos apenas sobrevivendo em meio ao nosso caos existencial, sem ao menos notar que precisamos voltar a acreditar em algo para dar sentido à nossa vida… precisamos reiniciar esse processo e ainda: reconhecer que os bons são a maioria.

Para resgatar tudo isso, lembrando do meu questionamento inicial sobre a contemporaneidade, precisamos de fortalecimento e do resgate de nossa própria fé. Resgatar o que faz sentido é essencial para um equilíbrio saudável e para acessarmos a possibilidade de curar nossas feridas emocionais.

Existe um pensamento budista que nos diz o seguinte:

 

Infográfico "você tem um problema?"

Arte/Ativo Saúde

Tal pensamento, reforça a ideia de que se acreditássemos mais em nossas potencialidades, ou seja, naquilo que é possível, poderíamos ter uma vida com menos preocupações e sofrimentos. No entanto, ficamos sempre presos no tempo e no espaço, com a terrível sensação de que poderíamos ter feito mais, e mais e mais… e desta maneira nada é e nem nunca será suficiente para nos bastar.

Aceitar que somos humanos

Entramos naquilo que Perls in Stevens (1977) chama de “abrir a senda infinita da tortura mental”, de forma a acreditarmos que estamos livre dos erros e críticas. Talvez, se pudéssemos aceitar nossa condição humana de seres errantes, poderíamos com mais facilidade voltar a acreditar em algo que nos dê mais sentido de vida.

É claro que existem muitos recursos que são bastante funcionais no combate a esses declínios existenciais que vivemos. A medicação é uma delas e, acredito que, sendo utilizada com os devidos acompanhamentos médicos e psicológicos, nos ajuda também a resgatar a fé perdida em algum momento da vida.

“Não importa onde você parou,
em que momento da vida você cansou,
o que importa é que sempre é possível e
necessário ‘Recomeçar’.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo,
é renovar as esperanças na vida, e o mais importante:
acreditar em você de novo…”
Carlos Drummond de Andrade

Ter fé é recomeçar, quantas e quantas vezes for necessário. É acreditar em si e no outro. É juntar os pedacinhos, mesmo quando tudo parece perdido. É se integrar em meio ao caos.

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo
Fernando Pessoa

Assim, caro leitor, resgate sua fé! Não importa como, mas resgate seu sentido mais valioso… A vida caminha mais leve com fé e você não precisa trilhar este caminho sozinho!

“Aponta pra fé e rema”
Autor desconhecido

Referências:
– Professora citada: Karina Okajima Fukumitsu
– STEVENS, J. O. (org.). Isto é gestalt. São Paulo: Summus, 1977.

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