Câncer de pele pode matar? Tire suas dúvidas sobre o melanoma

Atualizado em 14 de fevereiro de 2020

Por: Dr. Artur Malzyner

ONCOLOGISTA | CRM 20456

Recentemente, um tipo de câncer que normalmente é tido como frequente e pouco letal – câncer de pele – tem chamado atenção, particularmente um subtipo que, embora menos comum, tende ser mais agressivo e muitas vezes letal – o melanoma. Vamos tentar rever este tipo câncer com mais minucias.

Tipos de câncer de pele

A pele é a sede mais frequente de tumores humanos que se conhece. No Brasil o câncer de pele corresponde a 30% de todos os tumores malignos e a estimativa para 2019 será de virem a existir mais de 165 mil novos casos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Câncer de pele não melanoma

O câncer de pele não melanoma são conhecidos como carcinoma de pele, apresentando baixa letalidade, com mortalidade inferior a 2 mil pessoas em 2015, ou seja, pouco mais de 1% dos casos incidentes.

Câncer de pele melanoma

É bem diversa a situação que envolve os tumores de pele conhecidos por melanoma. Este câncer representa apenas 3% das neoplasias malignas de pele, porém, apresenta pior prognóstico e maiores taxas de mortalidade, sendo estimado 7 mil novos casos com mortalidade em torno de 30%.

O melanoma acomete os melanócitos, que são as células produtoras da melanina, responsável pela pigmentação da pele.

Fatores de risco

Evidências clínicas e epidemiológicas demonstram a taxa de incidência do melanoma é maior em pessoas com extensa exposição ou exposição intensa repetitiva à luz solar. A maioria dos melanomas se desenvolve na pele exposta ao sol, principalmente em áreas mais suscetíveis a queimaduras solares.

Indivíduos com pele naturalmente escura ou cuja pele escurece facilmente com a exposição ao sol apresentam taxas mais baixas de melanoma, apoiando o conceito de que uma maior penetração da luz UV na pele resulta em maior risco.

Outro fator que corrobora este dado é a maior incidência deste tipo de câncer em regiões equatoriais, enquanto há uma diminuição proporcional à distância do equador, onde o nível de exposição aos raios UV é mais baixo.

Sabe-se também que a exposição solar precoce é um fator de risco importante, no qual pessoas que tiveram cinco ou mais queimaduras solares graves na infância ou adolescência têm um risco duas vezes maior de desenvolver o melanoma.

Outro tipo de câncer de pele igualmente muito agressivo, mas raro, é o carcinoma de células de Merkel. Este carcinoma ocorre quando estas células neuroendócrinas apresentam um crescimento exacerbado e descontrolado.

O que torna o melanoma e o carcinoma de células de Merkel muito preocupantes é a capacidade destes tumores de se disseminarem para outras partes do corpo, o que dificulta o tratamento e, consequentemente, resultando em prognóstico reservado.

Como tratar?

Recentemente, as terapias alvo e imunoterapia tem mostrado resultados significante no tratamento destes tumores mais agressivos, que atuam inibindo proteínas provenientes de mutações que descontrolaram a proliferação celular nos tumores.

Exemplos destas terapias incluem os inibidores de BRAF, uma mutação de um gene produtor de uma proteína que controla a proliferação celular em torno de 40 a 50% dos casos de melanoma.

Também a imunoterapia representada, por exemplo, pelo Nivolumabe e Ipilimumabe, ou vários outros, que ativam imunidade do paciente contra sua doença que o melanoma conseguiu bloquear, mudou drasticamente a capacidade dos médicos tratarem o melanoma.

São hoje comuns regressões clinicas com estes tratamentos da ordem de 40% ou mais, com um significativo número de casos permanentemente estabilizados por anos seguidos, podendo representar a cura de uma doença avançada, fato este outrora inimaginável.

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