Azia: causas, sintomas associados e como tratar

A maioria das pessoas está familiarizada com a azia: aquela sensação de ardor na parte superior do abdômen que surge, por vezes, após uma refeição pesada ou o consumo de álcool em excesso.

Se este incômodo surgir com frequência superior a duas vezes por semana, independentemente da ingestão de bebidas e alimentos ricos em gordura e açúcar, é provável que seja fruto do refluxo gastroesofágico (DRGE). Entenda:

O que causa azia?

 

Refluxo gastroesofágico.

ChrisChrisW/Istock

Entre o esôfago e o estômago existe um músculo que se designa esfíncter. O seu funcionamento é semelhante ao de uma válvula, ou seja, abre para permitir a passagem de alimentos e líquidos do esôfago para o estômago e fecha após isso. Caso este esfíncter esteja enfraquecido, poderá ocorrer refluxo gastroesofágico de conteúdos e ácidos.

Estas substâncias, por sua vez, afetam as mucosas do esôfago, provocando a azia. Fatores como excesso de peso, tabaco, álcool, gravidez ou certas doenças contribuem para o enfraquecimento do esfíncter.

Como se manifesta?

A azia se manifesta por meio de uma sensação de ardor na parte superior do abdômen ou atrás do esterno.

Quando se preocupar?

Se a azia ocorrer menos de uma vez por semana e não estiver associada a outros sintomas, não haverá motivo para preocupação. Em alguns casos, basta alterar os hábitos alimentares, deixar de fumar e perder peso.

Contudo, se a azia não estiver associada a uma alteração do estilo de vida e se surgir com uma frequência superior a uma ou duas vezes por semana, é indicado consultar um médico e realizar exames.

Outros sintomas de refluxo

Além da azia, os sintomas associados à DRGE incluem dor no peito, dificuldade de deglutir, flatulência, bem como tosse e rouquidão crônicas.

Se a DRGE for crônica, poderá danificar o esôfago. Entre as complicações possíveis, está a formação de úlceras e cicatrizes que resultam em disfagia ou alteração das mucosas (o chamado esôfago de Barrett).

Se o tratamento da DRGE for adiado por muito tempo, ainda existe o risco de uma transformação das células da mucosa do esôfago em câncer.

Se o ácido atingir a laringe ou até mesmo os brônquios e os pulmões, as possíveis consequências são rouquidão e bronquite crônicas ou desenvolvimento de asma.

Tratamento de azia

A principal opção de tratamento da azia  consiste no uso de antiácidos, os chamados inibidores da bomba de prótons (IBPs). Estes medicamentos controlam a produção de ácido estomacal, mas não atuam ao nível do esfíncter enfraquecido, razão pela qual alguns pacientes continuam a apresentar sintomas.

Quando se esgotam as possibilidades, as soluções para o tratamento passam por diferentes operações cirúrgicas.

Cirurgia antirrefluxo

O procedimento tradicional é a cirurgia antirrefluxo, também designada fundoplicatura. Este tipo de cirurgia consiste na realização de uma laparoscopia em que a parte superior do estômago é suturada, parcial ou totalmente, em torno do esfíncter da entrada do estômago. Dessa forma, é possível fortalecer o esfíncter e evitar o refluxo.

A fundoplicatura é segura e eficaz, mas pode estar associada a efeitos colaterais significativos, tais como a sensação de enfartamento ou a dificuldade de eructar e vomitar, bem como a dificuldade de engolir. Muitos pacientes recusam este tipo de procedimento invasivo também por ele alterar de forma irreversível a anatomia do estômago.

EndoStim

A terapia EndoStim é um método pouco traumático, cujo desenvolvimento assenta em um conceito de tratamento pouco invasivo e com reduzidos efeitos colaterais.

Por meio de uma laparoscopia, dois eletrodos são implantados no esfíncter de forma a preservar a anatomia natural. Os eletrodos são conectados a um pequeno marca-passo colocado em um bolso logo abaixo da pele abdominal. Este é responsável pela estimulação dos eletrodos que, por sua vez, emitem os impulsos para o esfíncter.

O objetivo da estimulação é normalizar a função do esfíncter do esôfago e controlar os sintomas de refluxo. É possível programar o marca-passo colocado sob a pele e adaptá-lo ao estilo de vida de cada paciente.

A principal vantagem deste procedimento: a anatomia natural praticamente não sofre alterações, o que permite evitar os efeitos colaterais da fundoplicatura.

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