Dieta vegetariana é sinônimo de saúde? Estudos dizem que não

Atualizado em 04 de outubro de 2018

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POR Vinicius de Vita Cavalheiro

Se tem uma coisa que muitos nutricionistas concordam, é que parar de comer carne pode trazer vários benefícios à saúde. De fato, uma dieta vegetariana pode ajudar a prevenir diabetes tipo 2, colesterol alto e ácido úrico elevado, além de melhorar o funcionamento geral do intestino.

Não comer carne vermelha, inclusive, ajuda na prevenção até mesmo de doenças cardiovasculares. Mas engana-se quem pensa que basta se tornar vegetariano ou vegano para ser uma pessoa mais saudável.

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Harvard mostra justamente isso: quando você substitui a proteína da carne por alimentos processados, com muito açúcar ou gordura, você está literalmente trocando seis por meia dúzia.

Pior que isso: quem não come carne, mas também não tem muitos critérios alimentares, pode ter ainda mais chances de desenvolver doenças do coração do que pessoas que comem carne, mas que evitam industrializados, bebidas açucaradas ou alimentos muito gordurosos.

O estudo

Publicada no Journal of the American College of Cardiology — renomada publicação científica dos Estados Unidos –, a pesquisa usou bancos de dados com cerca de 210 mil pessoas entre 25 e 75 anos, sem problemas no coração e sem histórico de diabetes, e avaliou os seus hábitos alimentares ao longo de quase 30 anos.

Os voluntários se comprometeram a voltar uma vez a cada dois ou quatro anos para passar por uma série de avaliações médicas e listar os alimentos que costumam colocar no prato, bem como a quantidade e a frequência com que comem cada um deles.

Assim, eles foram divididos em três grandes grupos:

  1. Pessoas que consomem grandes quantidades de frutas e legumes, mas que não abrem mão de até seis porções de carne, leite ou derivados;
  2. Pessoas que consomem vegetais, grãos, nozes e castanhas, e que comem uma quantidade menor de carne, açúcar e gordura;
  3. Pessoas que não consomem carne, mas que também não têm muitos critérios para escolher os substitutos.

Os resultados, após anos de análises, mostraram que 8.631 participantes desenvolveram doenças cardiovasculares — o equivalente a aproximadamente 4% do total.

Além disso, concluiu-se que os membros do grupo 2 foram os que mais se mantiveram saudáveis durante todo o período do estudo. No geral, eles tiveram 25% menos chances de desenvolver problemas no coração se comparados aos membros do grupo 1.

Já os membros do grupo 3, em que se enquadram os vegetarianos com dieta desregrada e cheia de alimentos pouco saudáveis, apresentaram 32% mais probabilidade de terem um infarto do que os membros do grupo 2.

Então somente uma dieta vegetariana não é suficiente?

As conclusões do estudo de Harvard mostram que uma dieta vegetariana pode até ser uma decisão sábia, mas somente deixar de comer carne não é suficiente se você ainda assim não abre mão de industrializados, bebidas doces (refrigerantes, sucos de caixinha etc.) ou de alimentos repletos de gordura vegetal.

Da mesma forma, também não é preciso interromper o consumo de carne para se tornar uma pessoa mais saudável. O grupo 2, que melhor equilibrava o consumo de alimentos e cortava as opções mais pobres em nutrientes do cardápio, mostrou resultados mais positivos do que aqueles comiam grandes quantidades de carne e até daqueles que não comiam carne de jeito nenhum.

O segredo, então, é buscar um equilíbrio — ou pelo menos ficar mais atento ao que coloca no prato.