Tuberculose: sintomas, transmissão e tratamento

Atualizado em 26 de julho de 2019

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POR Manuela Sampaio

Pode até parecer uma doença antiga, daquelas que só eram comuns no começo do século passado, mas a tuberculose ainda é um sério problema de saúde pública cujo agente causador, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, está presente em um terço da população mundial, cerca de dois bilhões de pessoas.

Veja a seguir como se proteger desse acometimento:

O que é tuberculose?

A tuberculose é uma doença infecciosa que geralmente ataca os pulmões, causando lesões inflamatórias nesses órgãos.

Apesar de poucos saberem, a tuberculose também pode acometer outras partes do corpo, tudo depende do local no qual o causador da doença escolhe se instalar.

Tipos

Tuberculose pulmonar

De acordo com o pneumologista Jorge Marcelo Dornelles Diehl, do Hospital Dia do Pulmão de Blumenau, em Santa Catarina, a doença é mais comum nos pulmões – gerando a chamada tuberculose pulmonar – porque é transmitida pelas vias aéreas.

Tuberculose extrapulmonar

No entanto, ele conta que o bacilo causador da doença pode acometer qualquer órgão, dando origem à tuberculose extrapulmonar.

As formas extrapulmonares mais comuns são a tuberculose ganglionar (afeta gânglios) e pleural (que atinge as camadas que revestem o pulmão), mas cérebro, coluna e até útero também podem ser atingidos.

Causas

A tuberculose é causada pela Mycobacterium tuberculosis, também chamada de bacilo de Koch.

Uma vez dentro do corpo, nem sempre a bactéria desenvolve a doença, a depender do estado do sistema imunológico da pessoa. Caso ele esteja forte, é possível que o bacilo fique no corpo sem desenvolver o acometimento ou até que seja eliminado.

Em outras situações, o micro-organismo pode desenvolver a doença ou mesmo ser ativado anos depois, caracterizando a chamada tuberculose pós-primária.

É contagioso?

A transmissão da tuberculose ocorre por via aérea em praticamente todos os casos, ou seja, por meio gotículas provenientes do sistema respiratório da pessoa doente expelidas ao tossir, falar ou espirrar e inaladas pela pessoa sadia. O bacilo tende a sobreviver por mais tempo em ambientes escuros e pouco ventilados.

O risco de transmissão acontece desde o começo dos sintomas respiratórios, mas cai rapidamente após o início do tratamento. De forma geral, após 15 dias de tratamento há poucas chances de passar o problema para outros indivíduos.

Fatores de risco

O especialista explica que a doença pode acometer qualquer pessoa, porém aquelas com deficiência na imunidade devido à alguma doença prévia (Aids, por exemplo) ou que fazem uso de medicações imunossupressoras, como as usadas na quimioterapia, apresentam maior risco.

Sintomas

A doença causa lesões inflamatórias nos pulmões, as quais geram sintomas respiratórios, como tosse por mais de três semana (inicialmente seca e depois produtiva), escarro com rastros de sangue e dor no peito.

Há ainda sintomas generalizados, como febre, sudorese, falta de apetite e emagrecimento não intencional.

Diagnóstico

Raio X do pulmão.

boonchai wedmakawand/IStock

O diagnóstico é feito com base na análise clínica, obtida por meio do exame físico e do relato das queixas do paciente, e em alguns testes laboratoriais.

O pneumologista Jorge Marcelo explica que a confirmação ocorre pela pesquisa do bacilo no escarro, um exame que analisa a secreção do paciente em busca do micro-organismo causador da tuberculose.

A radiografia de tórax, por sua vez, não confirma a doença, porém é de fundamental importância para detectar lesões pulmonares e a gravidade do quadro.

Qual profissional devo procurar?

O médico especialista em tuberculose é o pneumologista. No entanto, caso surjam sintomas graves, como falta de ar e febre, o indicado é procurar um serviço de emergência o quanto antes.

Tem cura?

Há cura para a tuberculose. “Entre os pacientes que são diagnosticados e tratados corretamente, praticamente todos se curam e ficam sem qualquer sequela”, explica o médico.

No entanto, quanto mais longo é o tempo entre o início dos sintomas e o começo do tratamento, maior o risco de sequelas.

Também é muito importante manter o uso regular das medicações, conforme prescrição médica, pois abandoná-las após a melhora inicial dos sintomas pode tornar a bactéria resistente.

Tratamento de tuberculose

Antibióticos

A tuberculose é tratada com antibióticos, como a rifampicina e o etambutol. Como as bactérias crescem muito lentamente, o tratamento é longo, podendo durar até seis meses.

Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que a administração da medicação seja feita e observada por um profissional de saúde, evitando que o paciente abandone o tratamento e não se cure completamente.

Corticoides

Em alguns casos de inflamação grave, o médico pode indicar corticoides para controlar o quadro.

Cirurgia

Em situações raras, pode ser realizada uma cirurgia para retirada de fragmentos do pulmão. Isso é feito principalmente em casos de infecção resistente ou para retirada de acúmulo de pus.

Prognóstico

A tuberculose tem cura e, em grande parte dos casos, não deixa sequelas.

“Hoje as medicações para o tratamento da tuberculose são muito efetivas e seguras”, explica o pneumologista. “Após iniciar o tratamento, os pacientes apresentam melhora progressiva dos sintomas e, em poucas semanas, conseguem voltar às atividades normais”.

Complicações

Pneumotórax e derrame pleural

O acometimento do pulmão pode afetar a fisiologia do órgão e as membranas que o recobrem, gerando derramamento de líquido (derrame pleural) ou acúmulo de ar (pneumotórax) entre elas.

Migração para outras partes do corpo

Se não for adequadamente tratada, a tuberculose pulmonar pode passar para outras partes do corpo, gerando sintomas específicos às regiões afetadas, como dor nas costas, inflamação das membranas que recobrem o cérebro (meningite), alterações de filtração nos rins, pericardite (inflamação da membrana que recobre o coração), entre outros.

Prevenção

A principal forma de prevenção da tuberculose é através da vacina BCG, dada a recém-nascidos e que fornece proteção duradoura em cerca de 80% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia.

Vale ainda evitar contato com pessoas sabidamente infectadas, evitar levar as mãos sujas aos olhos, nariz e boca e manter ambientes bem arejados e iluminados.

Fontes

Pneumologista Jorge Marcelo Dornelles Diehl, do Hospital Dia do Pulmão de Blumenau, em Santa Catarina – CRM 15815

Organização Mundial da Saúde. Tuberculosis control. Disponível em: www.who.int/trade/distance_learning/gpgh/gpgh3/en/index4.html

Sociedade Brasileira de Infectologia. Tuberculose. Disponível em: www.infectologia.org.br/pg/957/tuberculose

Ministério da Saúde. Tuberculose. Disponível em: portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose