Anemia: tipos, sintomas, tratamento e formas de prevenir

Atualizado em 04 de janeiro de 2019

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POR Vinícius De Vita

Anemia é uma doença caracterizada pela diminuição de hemoglobina no sangue — substância presente nos glóbulos vermelhos (também chamados de hemácias) que é responsável por transportar oxigênio pela corrente sanguínea para todo o organismo. Essa condição é resultado da carência de um ou mais nutrientes, como ferro, zinco, vitamina A, vitamina B12 ou proteínas.

Apesar de existirem diferentes tipos, os sintomas costumam ser muito semelhantes entre eles: incluem principalmente dor de cabeça, palidez e fraqueza.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% da população mundial sofre com o problema.

Abaixo, você entenderá por que tantas pessoas têm anemia, conhecerá as causas mais frequentes, sinais de alerta, formas de tratar e prevenir:

Causas

 

diferença com e sem anemia

BlueRingMedia/Shutterstock

A condição pode ser causada por genes hereditários ou desenvolvida ao longo da vida. Entenda melhor:

Anemia hereditária

Geralmente, é relacionadas a alterações genéticas na fabricação dos glóbulos vermelhos, da hemoglobina e de outras proteínas e enzimas que compõem o sangue.

Os principais integrantes deste grupo são falciforme — comum em indivíduos com ascendência africana —, a talassemia e a do Mediterrâneo, que frequentemente acomete pessoas com ascendência italiana, portuguesa ou libanesa.

Anemia adquirida

Todas as anemias provocadas por carência de nutrientes entram no grupo das adquiridas.

Porém, ela também pode ser causada por alterações na medula óssea ou por outras enfermidades que tenha a anemia como uma de suas possíveis consequências — entre elas, insuficiência renal crônica, doenças reumatológicas e alterações na tireoide.

Fatores de risco

Como quase todas as doenças, existem fatores de risco que aumentam o risco de desenvolvimento da anemia em certas pessoas. Os principais são:

  • Dieta pobre em nutrientes como ferro, vitaminas B12 e ácido fólico (vitamina A);
  • Distúrbios intestinais, como doença celíaca e de Crohn.
  • Menstruação exacerbada, que causa perda de glóbulos vermelhos;
  • Gravidez sem suplementação de multivitamínico com ácido fólico;
  • Doenças crônicas, como câncer, insuficiência renal e problemas na tireoide.

Tipos de anemia

Há seis que merecem destaque:

Anemia ferropriva

É provocada pela deficiência de ferro no organismo, que tem papel fundamental na produção dos glóbulos vermelhos. Corresponde a aproximadamente 90% de todos os casos da doença.

Anemia perniciosa ou megaloblástica

Este tipo é causado pela carência de vitamina B12, um nutriente muito presente em alimentos de origem animal, como carnes, ovos e leites.

Inclusive, ela costuma ser uma das principais necessidades de pessoas vegetarianas que não consomem as melhores fontes de proteínas vegetais para substituir na alimentação.

Anemia hemolítica

A hemolítica ocorre em indivíduos cujos glóbulos vermelhos são destruídos mais rapidamente do que deveriam e a medula óssea não consegue os repor.

Anemia falciforme

O tipo mais comum das anemias hereditárias é caracterizado pela alteração dos glóbulos vermelhos, que adquirem formato semelhante ao de uma foice.

Geralmente, eles têm a membrana muito mais frágil e, por isso, rompem-se com mais facilidade.

Anemia aplástica

Tipo mais raro, acontece quando o organismo não produz quantidade suficiente de glóbulos vermelhos.

Pode ser provocada por doenças autoimunes, infecções e até mesmo pela exposição a produtos químicos.

Anemia do recém-nascido

Costuma ocorrer em bebês que sofreram deficiência placentária.

Diferenças entre anemia aguda e anemia crônica

A anemia pode surgir de forma aguda ou crônica, distinção que é fundamental para determinar a melhor forma de tratamento.

Anemia aguda

Instala-se rapidamente e geralmente é provocada por uma hemorragia. Pacientes costumam apresentar sintomas, mesmo que a queda da hemoglobina não seja muito acentuada.

Anemia crônica

Instala-se de forma lenta e gradual e costuma ser assintomática nas fases iniciais. Os sintomas só costumam aparecer quando a quantidade de hemoglobina no sangue já está bem baixa.

Sinais e sintomas de anemia

 

sintoma de anemia

maroke/Shutterstock

Independentemente do tipo, os sintomas costumam ser bastante semelhantes. Na verdade, eles são inespecíficos, o que significa que são necessários testes laboratoriais — geralmente de sangue — para confirmar que correspondem ao quadro da condição.

Os sintomas da anemia mais comuns são:

  • Apatia
  • Cãibras musculares
  • Dificuldade de concentração
  • Dores de cabeça
  • Dor no peito
  • Falta de apetite
  • Falta de ar
  • Indisposição frequente
  • Mãos e pés frios
  • Palidez
  • Pressão alta
  • Sensação de cansaço generalizado
  • Taquicardia
  • Tonturas

Diagnóstico

Não é possível fechar um diagnóstico de anemia somente com base na avaliação inicial, feita no próprio consultório. Geralmente, é solicitada a realização de exames laboratoriais, em especial o de coleta de sangue, para verificar se há deficiência de algum nutriente no organismo.

No entanto, também é necessário fazer perguntas referentes ao histórico familiar do paciente e seus hábitos rotineiros.

No geral, os resultados são comparados aos dados de uma tabela que estabelece o nível ideal de hemoglobina para diferentes grupos.

Assim, o paciente apresenta anemia quando:

Homens: menor que 13 g/dl;
Mulheres: menor que 12 g/dl;
Crianças de 6 meses a 5 anos: menor que 11 g/dl;
Grávidas: menor que 11 g/dl.

No caso de idosos, é necessário observar primeiro a idade do paciente, visto que é normal que o nível médio de hemoglobina caia com o passar dos anos.

Por isso, também é comum que pessoas na terceira idade apresentem quantidades que caracterizem anemia caso fossem alguns anos mais jovens. Porém, nem sempre é o caso e somente um médico pode afirmar com certeza.

Tratamentos para anemia

 

transfusão de sangue

Elnur/Shutterstock

Ao contrário do que ocorre com os sintomas, o tratamento varia muito de acordo com o tipo de anemia que o paciente apresenta. Confira:

Anemia ferropriva

Inclui uso de suplementos de ferro, alterações na dieta para incluir a quantidade adequada deste nutriente e, quando provocada por hemorragia, é necessário encontrar a fonte do sangramento e interromper a perda de sangue.

Anemia perniciosa ou megaloblástica

Uso de suplementos e aumento da ingestão de alimentos ricos em proteína, seja animal ou vegetal. Em caso de problemas na absorção da vitamina B12, talvez seja necessário tomar injeções.

Anemia hemolítica

Tratamento das infecções relacionadas e uso de medicamentos que suprimem o sistema imunológico, que pode estar atacando as hemácias do organismo.

Anemia falciforme

Apesar de ser um problema hereditário, é possível tratá-lo com o uso de medicamentos para dor, administração de oxigênio ou, dependendo do caso, transfusões de sangue e até transplante de medula óssea.

Anemia aplástica

Transfusões de sangue e transplante de medula óssea costumam ser os tratamentos mais adequados.

Anemia do recém-nascido

A amamentação é o melhor jeito de tratar este acometimento

Anemia tem cura?

Os tipos adquiridos geralmente têm cura — em especial os mais comuns, como a ferropriva e a perniciosa.

Já os hereditários podem ser tratados, embora sejam mais específicos e necessitem de acompanhamento médico constante.

Complicações da anemia

Se não tratada corretamente, pode acarretar em problemas de saúde graves para o paciente. O mais comum é a chamada fadiga severa, que dificulta a realização até mesmo das tarefas mais simples do dia a dia.

Grávidas e crianças também costumam ser muito afetadas por complicações do problema.

O parto prematuro é um dos problemas mais relacionados à anemia na gravidez.

Já nos pequenos, dificuldades de aprendizagem, sociabilidade, déficit de atenção e efeitos na coordenação motora e na linguagem são consequências igualmente comuns.

Como também vimos acima, pressão alta e taquicardia são sinais que não raro afetam pacientes com  anemia. Por isso, a falta de tratamento pode gerar doenças cardíacas, especialmente arritmia, coração aumentado e até insuficiência.

Por fim, alguns casos da falciforme também podem levar a complicações fatais, por isso exigem tratamento urgente e contínuo.

Prevenção

A melhor forma de prevenir é manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes essenciais para a saúde do organismo, como ferro, vitamina A, vitamina B12 e zinco.

Alimentos para anemia com quantidades generosas de vitamina C também são bem-vindos, uma vez que eles ajudam a turbinar a imunidade e ainda facilitam a absorção do ferro.

Mas fique atento: o ideal é não misturar alimentos ricos em ferro com aqueles que têm níveis elevados de cálcio, uma vez que um pode anular os benefícios do outro.